
08 de março de 2014 | 02h08
Em 2013, o Brasil teve superávit comercial de US$ 2,5 bilhões, incluída a exportação de plataformas de petróleo operadas no País pela Petrobrás. Em janeiro, houve déficit de US$ 4,05 bilhões, pior resultado para o mês na história. Um novo recorde negativo (US$ 2,12 bilhões) surgiu em fevereiro.
Analistas não preveem que o desequilíbrio persista nem que haja déficit, mas, caso o saldo aponte para zero, soa o sinal de alarme.
Entre as causas objetivas dos déficits assinalados no comércio exterior está a erosão econômica de parceiros como a Argentina e a Venezuela. Os fornecedores brasileiros não recebem pontualmente da Venezuela pelo que já entregaram. E a Argentina cortou importações, inclusive de veículos. Por grandes blocos, só os embarques para a China crescem. As incertezas se acentuam com a volatilidade de preços das commodities, inclusive da soja.
Restaurado o crescimento dos países desenvolvidos, o Brasil poderia aproveitar a onda, não fosse a fragilidade das exportações. Quando não falta câmbio, faltam transporte barato, infraestrutura portuária, tributação compatível com a de outros exportadores, juros módicos e armazéns suficientes para estocar a safra de grãos. Mas, em especial, falta uma política bem traçada para o petróleo. A importação de petróleo respondeu por 38% do déficit de fevereiro. No ano, o saldo negativo do bruto é de US$ 6,1 bilhões, agravado pela demanda das termoelétricas.
O resultado comercial se traduz na queda das exportações, de 7,8%, em relação ao mesmo mês de 2013 pelo critério de médias diárias (estas só cresceram 2,5% no mês porque fevereiro de 2014 teve quatro dias a mais do que fevereiro de 2013), e no aumento de importações.
Há risco de que o saldo de março seja afetado pelo menor número de dias úteis. O déficit corrente, estimado em US$ 75,69 bilhões na pesquisa Focus, é menor que o de 2013 em cerca de US$ 6 bilhões. A esta altura, a previsão parece otimista.
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