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O BC deveria ficar mais atento à alta do IGP-M

A alta do Índice Geral de Preços – Mercado (IGP-M), da Fundação Getúlio Vargas, de 1,14% em janeiro e de 10,95% nos últimos 12 meses, superou as expectativas dos agentes econômicos e não pode ser ignorada pelo Banco Central (BC). Sua magnitude impõe custo adicional a empresas e famílias com despesas indexadas a ele, como a maioria dos locatários de imóveis e de usuários de alguns serviços públicos. Além disso, por ser baseado na proporção de 60% nos preços no atacado, 30% no consumo e 10% na construção civil, o IGP-M é também um instrumento de avaliação das tendências futuras de preços, à medida que os preços no atacado forem sendo repassados para os consumidores.

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Por Redação
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A hipótese do repasse é real no caso de alguns bens essenciais. No atacado, os produtos agropecuários subiram 2,17% em dezembro e 16,37% em 12 meses. Pelo menos uma parte dessa alta chegará aos consumidores, já ameaçados pelo desemprego e submetidos à perda da renda real. Em janeiro, as despesas de alimentação avançaram 2,36%, puxadas por hortaliças e legumes (+19,44%).

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Entre dezembro e janeiro, o IGP-M avançou 0,65 ponto porcentual e em relação a janeiro de 2015, 0,38 ponto porcentual. A alta dos bens finais foi de 1,84%, dos bens intermediários foi de 0,69% e das matérias-primas brutas, de 0,85%. Com os reajustes do material e das mensalidades escolares, o item Educação, Leitura e Recreação subiu 3,67% – nos cursos formais, a alta foi de 6,67%. Também terá forte impacto sobre a inflação a correção de despesas importantes, como as do IPVA e do IPTU, bem como a alta do transporte público (a tarifa de ônibus aumentou, em média, 4,44%).

Com características bem diferentes do IPCA, medida oficial de inflação, o IGP-M é criticado por autoridades sempre que sua alta é maior do que a de outros índices. Mas não foi este o caso em 2015, quando foram muito próximas as evoluções do IPCA (+10,67%) e do IGP-M (+10,54%). Os analistas não esperam diferenças notáveis em 2016.

O BC acaba de manter em 14,25% ao ano a taxa básica de juros e, na ata da reunião do Copom em que a decisão foi tomada, não a justificou de maneira convincente. Na ata da reunião anterior, no fim do ano passado, deixara clara a intenção de continuar a elevar os juros, e sua justificativa era forte: a persistência da inflação em níveis muitos superiores ao limite de tolerância da política de metas. A inflação não mudou, mas mudou a visão do BC.