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''''O Brasil está confortável, na medida do possível''''

Mantega tenta passar uma mensagem tranqüilizadora para os mercados, mas o tom é de preocupação

Por Fabio Graner e Luciana Xavier
Atualização:

No pior dia da crise nos mercados financeiros internacionais, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, tentou passar uma mensagem tranqüilizadora sobre a economia, mas com um tom de maior preocupação. Na opinião de Mantega, a turbulência financeira ainda não afetou a economia real. O ministro reiterou que o sistema financeiro brasileiro está sólido, mas admitiu que algumas instituições podem sofrer ''''alguma rebarba''''. Lembrando os bons fundamentos da economia, o ministro disse que ''''o Brasil está confortável, na medida do possível''''. Para Mantega, o que está acontecendo é um ''''efeito manada'''', que irá passar. ''''Estamos no olho do furacão, onde as coisas parecem piores'''', afirmou. Segundo ele, a crise não impedirá o Brasil de obter o grau de investimento das agências de classificação. O ministro deu entrevista ao ''''Broadcast Ao Vivo'''' da Agência Estado e, mais tarde, falou em entrevista coletiva. CRISE OU TURBULÊNCIA? ''''Se não houve contágio da economia real não podemos falar de crise'''', avalia Mantega, para quem este é o maior risco da turbulência. ''''Que vai haver desaceleração na economia dos Estados Unidos é certo, porque lá é o epicentro da crise. A questão é saber se vai haver uma redução do crescimento na China, na Ásia como um todo e na Europa. Até agora, não houve sinais disso.'''' Ele pondera que, mesmo no pior cenário, o máximo que acontecerá para o Brasil é uma diminuição nos preços da commodities , como minérios e produtos agrícolas, o que provocaria redução no saldo comercial. ''''Temos gordura, se tiver menos de US$ 40 bilhões de saldo comercial, US$ 35 bilhões, isso não afeta a situação brasileira.'''' GRAU DE INVESTIMENTO A turbulência não vai impedir o Brasil de obter o grau de investimento. Segundo ele, os parâmetros são dívida pública, reservas internacionais e vulnerabilidade externa. ''''Hoje, estamos bem em todos estes quesitos.'''' Ele acha que a crise vai separar o joio do trigo na economia internacional. ''''Momento de crise é de seleção natural e põe à prova os fundamentos do país. Os mais frágeis sofrem. Os mais sólidos se beneficiam, como o Brasil, porque oferecem segurança e possibilidades de rendimentos. Alguns países sairão chamuscados, mas o Brasil está no clube dos países sólidos.'''' REDUÇÃO DE JUROS NOS EUA Para Mantega, as atuações dos bancos centrais americano e europeu foram adequadas. Ele considera que, se a turbulência piorar, o Federal Reserve (Fed, o Banco Central americano) terá de cortar os juros nos EUA. ''''Acho que, se houver um agravamento da crise, o Fed vai ter de se contrapor à alta dos juros de mercado, que ocorreu porque o crédito escasseou.'''' VENDA DE DÓLARES PELO BC Não há necessidade de o Banco Central intervir no câmbio para conter a disparada do dólar. Ele acha difícil dizer se o pico de alta do dólar foi atingido ontem e cedo para avaliar possíveis impactos na inflação. Mantega ressaltou que o fluxo cambial se mantém positivo, com aumento das reservas internacionais. SOLIDEZ BANCÁRIA O sistema financeiro brasileiro está sólido e não há grande exposição de nenhum banco ao mercado de hipotecas subprime americano. ''''Mas os bancos poderão ter perda ocasional. Sempre há uma rebarba.'''' ACERTO NA META DE INFLAÇÃO Para o ministro, o momento de nervosismo dos mercados reforça a decisão do governo de manter a meta de inflação em 4,5% até 2009. ''''Você sempre tem de olhar as surpresas e turbulências no futuro. Uma meta mais flexível para o futuro dá retaguarda para momentos de adversidade.'''' FRASES Guido Mantega Ministro da Fazenda "Estamos no olho do furacão, onde as coisas parecem piores" "Se não houve contágio da economia real não podemos falar de crise" "Que vai haver desaceleração na economia dos Estados Unidos é certo, porque lá é o epicentro da crise" "Alguns países sairão chamuscados, mas o Brasil está no clube dos países sólidos"

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