O ano de 2015 foi positivo para o setor de exportações da Blanver, produtora paulista de matérias-primas para as indústrias farmacêutica e alimentícia. A empresa projeta faturar no ano R$ 375 milhões e parte dos rendimentos vem de negociações com países como Estados Unidos e Espanha. Para o CEO da Blanver, Sérgio Frangioni, o câmbio desvalorizado ajuda, mas não é determinante. “Quando olhamos o mercado de exportação, não podemos pensar em uma questão pontual, como o câmbio. É um trabalho de médio e longo prazo”, reflete o empresário. “A moeda está desvalorizada, mas atrás dela vem também a inflação”, pontua. Frangioni é a segunda geração à frente da Blanver, fundada há 35 anos. Durante essa trajetória, a família acompanhou transformações significativas na conjuntura econômica mundial, como a aliança comercial do Mercosul. Para o atual CEO, o acordo foi vantajoso por um tempo, porém perdeu relevância para as empresas exportadoras brasileiras.
“Os acordos bilaterais da Blanver com outros países têm dois momentos: antes e depois do Mercosul”, relembra. “Antes do acordo, tínhamos uma flexibilidade de negociar muito maior. Com o tempo, perdemos 6,5% das vendas com a Europa. Perdemos o timing”, comenta Frangioni. Em relação a políticas governamentais de incentivo à exportação, o empresário pontua que o Brasil ainda deixa a desejar na relação comercial com outros países. “Minha sensação é de que o Brasil nunca teve uma vocação para exportar. Olhamos muito para o nosso umbigo, por uma questão cultural e também estrutural”, analisa o empresário. “Vemos hoje um esforço grande, que está construindo algo que está pronto lá fora há tempos. Se tivermos uma economia de escala voltada só para o mercado brasileiro, ficaremos muito expostos à concorrência externa.”