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O Brasil visto pelos marqueteiros

Por Agencia Estado
Atualização:

Se a Itália é considerada a terra do design e a Suíça a dos relógios, o Brasil pode diferenciar-se como o país da exuberância natural, da concórdia entre os povos, da hospitalidade e da alegria. É uma terra que remete à juventude, à beleza, à saúde e à criatividade. Essas características podem transformar-se no diferencial dos produtos oferecidos por micro e pequenas empresas, para aumentar a participação no comércio exterior e diversificar a pauta de exportações brasileiras. Essas são as conclusões de um estudo patrocinado pelo Serviço Brasileiro da Micro e Pequena Empresa (Sebrae), chamado Cara Brasileira, coordenado pelo sociólogo italiano Domenico de Masi. Apresentada nesta quarta-feira pelo presidente da entidade, Sérgio Moreira, a pesquisa vai nortear a ação do Sebrae nos Estados. "Com esses novos conceitos de brasilidade, queremos influenciar a estratégia de desenvolvimento no País", disse Moreira, que pretende apresentar as conclusões aos governos dos Estados e municípios e entidades privadas. O levantamento teve como base entrevistas com 25 especialistas em diversas áreas, como Nelson Motta (música), Roberto DaMatta (antropologia), Glória Kalil (moda) e Afrânia Craveiro (ciências naturais). A idéia era fugir dos valores do folclore e de outras imagens desgastadas do País, como praias e carnaval, criando novas estratégias de promoção comercial. "Nessa fase de forte globalização, a identidade nacional surge como uma necessidade e como valor agregado", disse De Masi. O levantamento apontou que, para mudar a imagem externa do País, é preciso primeiro melhorar a interna, principalmente o "complexo de inferioridade" do brasileiro, que leva a população a associar criatividade à "malandragem" e ao "jeitinho". "Esse projeto toca em um ponto fundamental que é a baixa auto-estima de nossas elites", afirmou Roberto DaMatta, referindo-se à tradição de se valorizar apenas o que vem de fora. "Se esse levantamento tivesse sido feito pelo governo, seria logo taxado de fascista. Gostar do Brasil não é assinar embaixo de nenhum governo." Uma das principais constatações é que a música será a principal contribuição do Brasil ao mundo no século 21, o que significaria, por exemplo, maior incentivo às gravadoras independentes e à divulgação internacional da produção local. Masi concluiu ainda que o fortalecimento da imagem brasileira poderia agregar valor a produtos agroalimentares, como o pão de queijo, as flores e a cachaça, a confecções, indústrias de móveis, turismo, serviços de saúde (perfumes e remédios naturais) e esportes. As micro e pequenas empresas respondem por 1,7% do volume de exportações do País, apesar de absorverem 67% da mão de obra e contribuírem com 20% do PIB. "É um volume muito pequeno", disse Moreira.

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