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O calote da rede de fast-food 'kirchnerista'

Dono da rede 'Nac e Pop' acumula dívidas e some

Por ARIEL PALACIOS
Atualização:
Interior de um restaurante da rede Nac e Pop Foto: Divulgação

BUENOS AIRES - "Nac e Pop" é a abreviação de "Nacional e Popular", o slogan do kirchnerismo, com o qual os governos do ex-presidente Néstor Kirchner (2003-2007) e de sua viúva e sucessora, a presidente Cristina Kirchner, rotularam sua política econômica protecionista - em defesa dos produtos argentinos - além dos planos assistencialistas, junto com a exaltação da cultura e tradições do país.

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Em homenagem ao kirchnerismo, em plena época de reeleição da presidente Cristina, em 2011, o empresário Alex Gordon criou a rede de lanchonetes "Nac e Pop", um fast-food com "selo nacional" em seus lanches, entre os quais hambúrgueres, cachorros-quentes e batatas fritas. No entanto, a rede, que também era frequentada por simpatizantes kirchneristas, está - tal como o país - em estado de calote.

Gordon, que se definia como socialista e elogiava a "revalorização nacional" feita pelo governo Kirchner, anunciou na época da criação da "Nac e Pop" que pretendia enfrentar com sua rede de fast-food as similares estrangeiras, com preços mais baixos que os do mercado.

Além disso, prometia em cartazes espalhados nas lanchonetes que os hambúrgueres eram "100% feitos com carne de verdade". Para ressaltar o caráter argentino do estabelecimento, a "Nac e Pop" não vendia refrigerantes de empresas multinacionais e oferecia apenas bebidas argentinas.

Para ressaltar a identidade nacionalista, as lanchonetes estavam decoradas com fotos da "protetora dos pobres" Evita Perón, o ex-jogador Diego Armando Maradona, o roqueiro Charly García e o líder guerrilheiro Ernesto Che Guevara, além do filósofo Arturo Jauretche.

Alex Gordon prometia um tratamento igualitário aos empregados. Porém, os funcionários descobriram que o empresário nem sequer pagava os encargos sociais. Seu próprio irmão, Gabriel Gordon, está à sua procura.

Ontem, funcionários da rede "Nac e Pop" protestavam na frente das filiais, exigindo a presença de Gordon, que sumiu, deixando salários e contas sem pagar há três meses. Parte das 170 pessoas que trabalhavam nas 13 filiais e cinco franquias da "Nac e Pop" em Buenos Aires iniciou uma assembleia permanente para criar um sistema de autogestão, transformar a rede de lanchonetes numa cooperativa e driblar o calote.

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