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Repórter especial de economia em Brasília

'O Carf não é a Receita', diz Rachid

Para secretário da Receita, imagem do Fisco tem sido vinculada de forma errada ao conselho

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Por Adriana Fernandes
Atualização:
Rachid quer evitar prejuízo à imagem da Receita Foto: ANTONIO CRUZ/AGENCIA BRASIL

BRASÍLIA - O secretário da Receita Federal, Jorge Rachid, defendeu ontem a revisão das decisões do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf), órgão colegiado do Ministério da Fazenda responsável por julgar autuações fiscais e que é alvo da Operação Zelotes da Polícia Federal. Na primeira entrevista em que falou sobre a crise no Carf, Rachid saiu em defesa do trabalho da Receita e afirmou que a corrupção no conselho tem que ser apurada e punida.

Para o secretário, a imagem do Fisco tem sido vinculada de forma equivocada ao conselho. "O Carf não é a Receita. É um conselho que não é vinculado à Receita", disse o secretário ao Broadcast, serviço em tempo real da Agência Estado.

O Carf funciona como uma espécie de tribunal administrativo no qual os contribuintes podem recorrer das cobranças de tributos que considerarem incorretas feitas pelos fiscais da Receita.

Com as descobertas feitas pela operação Zelotes de manipulação de resultados, as decisões do Carf ficaram sob suspeita abrindo margem para insegurança jurídica em relação aos julgamentos já feitos pelos conselheiros. "Se tiver algum problema (nas decisões) tem que ser revisto. Por que não?", disse Rachid.

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A Operação Zelotes investiga esquema de corrupção criado no órgão para anular ou reduzir multas aplicadas a empresas pela Receita Federal. As fraudes, que contariam com a participação de servidores, conselheiros e ex-conselheiros do Carf, podem ter causado prejuízos de R$ 19 bilhões aos cofres públicos. Até agora, já foram apuradas perdas em torno de R$ 6 bilhões. Com a descoberta do esquema de fraudes, o Ministério da Fazenda suspendeu os julgamentos.

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Rachid disse que não vê razões para a imagem da Receita ficar comprometida por causa das investigações da Operação Zelotes. O secretário ressaltou que a força-tarefa da investigação começou, inclusive, com elementos da própria Receita. Segundo ele, a área de inteligência do órgão - Coordenação-Geral de Pesquisa e Investigação (Copei) - está trabalhando junto com a Polícia Federal. A Receita começou a investigar o caso em 2013.

"A questão é a seguinte: Onde tem corrupção tem que ser apurado. Não importa qual instituição seja", disse o secretário.

Ele lembrou que o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, assinou portaria que institui grupo de trabalho com a finalidade de estudar, avaliar e propor alterações no regimento interno do Carf. Rachid defendeu também a importância do Carf para a administração tributária no País, que segundo ele, é quase centenário.

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O Ministério da Fazenda, por meio da Corregedoria-Geral, deve abrir processos contra as empresas citadas na Operação Zelotes. As empresas poderão fazer acordos de leniência - espécie de delação premiada - para evitar punições, em troca de colaborar com as investigações.

Segundo o ministério, durante o processo, será garantida ampla defesa às empresas e somente após o término será possível concluir sobre possível consequência e penalidades às companhias. Como revelou o Estado, entre as empresas estão Petrobrás, Embraer, Gerdau, RBS, Ford, Mitsubishi e os bancos Santander, Safra, Bradesco e Boston.

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