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O desemprego oculto dos EUA: frustração por falta de trabalho

Por LUCIA MUTIKANI
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Quando Daniel McCune graduou-se na universidade há três anos, ele acreditava que suas boas notas lhe renderiam um emprego como analista de inteligência no governo. Com um diploma em Serviços e História do Governo da Universidade de Liberty, no estado de Virginia, McCune enviou seu currículo para a Agência de Segurança Nacional (NSA, na sigla em inglês), para o Escritório Federal de Investigação (FBI, na sigla em inglês) e para outras agências. Mas após uma longa busca que resultou em apenas duas entrevistas, o jovem de 26 anos de idade jogou a toalha em outubro passado, juntando-se a milhões de norte-americanos frustrados que abandonaram a procura por um emprego. "Não há nada lá fora e provavelmente não haverá nada por um tempo", disse McCune, de New Concord, Ohio. Ele voltou a sua cidade natal para viver com seus pais, que estão ajudando-o a quitar sua dívida universitária de cerca de 20 mil dólares. "Eu não gosto, é vergonhoso. Não quero ser um fardo para meus pais", disse McCune, acrescentando que se sente como alguém que abandonou a escola. Economistas, analisando dados do governo, estimam que a força de trabalho norte-americana conta com 4 milhões de pessoas a menos em relação a dezembro de 2007, principalmente devido a uma falta postos de trabalho e não ao envelhecimento regular da população dos EUA. O tamanho dessa diferença destaca a severidade da crise de desemprego. Se todas essas pessoas tivessem permanecido na força de trabalho, a taxa de desemprego de agosto, de 8,1 por cento, teria sido de 10,5 por cento. A crise de desemprego levou o Federal Reserve, banco central norte-americano, a lançar na semana passada um novo programa de compra de bônus e a prometer dar continuidade a ele até que o mercado de trabalho melhore. A crise também representa um desafio para a tentativa de reeleição do presidente Barack Obama. A taxa de participação da força de trabalho, ou a proporção de norte-americanos com idade para trabalhar que têm um emprego ou estão procurando por um, caiu 2,5 por cento desde dezembro de 2007, caindo ao menor patamar em 31 anos, a 63,5 por cento. "Nunca registramos uma queda como essa em outras recessões. A economia está pior do que as pessoas acreditam quando as pessoas apenas analisam a taxa de desemprego", disse o bolsista sênior de pesquisa do Mercatus Center na Universidade de George Mason em Arlington, Virginia, Keith Hall. A taxa de participação se manteria estável se a economia crescesse a níveis normais. Acredita-se que apenas um terço da queda da taxa de participação se deva ao envelhecimento da população dos EUA. A economia perdeu 8,7 milhões de postos de trabalho durante a recessão de 2007-09 e recuperou, até agora, pouco mais de metade disso. Economistas dizem que cerca de 125 mil empregos precisam ser gerados por mês apenas para manter a taxa de desemprego estável.

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