30 de maio de 2013 | 02h01
Mas, no Brasil, o governo parece tratar a taxa de câmbio como preço administrável. É um equívoco que leva a riscos desnecessários.
A escalada altista do dólar atende à atividade de exportação, cujos resultados são ruins (o déficit comercial acumulado até 24 de maio foi de US$ 4,6 bilhões). Assessores informais do governo acreditam que o valor (baixo) do dólar é o principal problema da economia brasileira. Uma desvalorização acentuada do real permitiria desestimular as importações e remover pressões imediatas sobre o balanço de contas correntes, cujo déficit já atingiu a marca crítica de 3% do PIB.
Estimulando exportações, um dólar valorizado ajudaria, ainda, a fortalecer o PIB, cujos resultados, no primeiro trimestre, foram medíocres, inclusive pela queda das exportações (na ótica da demanda, as exportações caíram 5,7% entre os primeiros trimestres de 2012 e 2013) e a alta de importações.
Mas uma valorização mais acentuada do dólar terá efeitos negativos na economia brasileira, elevando a pressão inflacionária e piorando os balanços dos devedores em dólar, além de mexer no salário real.
A política econômica poderá se tornar mais desarticulada se o governo insistir em objetivos conflitantes - política fiscal frouxa, inflação controlada por medidas administrativas, crescimento mínimo do PIB de 2,7%, benefícios tributários para categorias escolhidas e crédito farto dos bancos públicos.
A prioridade seria uma política econômica convencional, respeitando as metas fiscais e monetárias e atuando no câmbio apenas para evitar oscilações bruscas. A comunicação sobre as políticas essenciais (câmbio e juros) deve ser cuidadosa, evitando boatos que só servem para operadores financeiros. A cotação do dólar está ligada à solidez das contas externas. Não se escapa disso, por mais que se pense que o governo pode determinar o câmbio.
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