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O embaixador dos negócios do Rio

O que o empresário Olavo Monteiro de Carvalho  está fazendo para atrair investimentos bilionários para a cidade

Por Alexandre Rodrigues
Atualização:

Olavo Monteiro de Carvalho, do grupo Monteiro Aranha, que tem 20% da Klabin, entre outros investimentos (foto: Marcos de Paula/AE)

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Desde que nasceu, há 68 anos, Olavo Egydio Monteiro de Carvalho tem reunidas, na vista da janela de casa, as duas maiores joias da paisagem carioca: o Pão de Açúcar e o Corcovado. Mas o fato de ter crescido na mítica mansão de uma das famílias mais tradicionais do País, em Santa Teresa, não lhe deu apenas esse privilégio. Líder do Grupo Monteiro Aranha e de um dos poucos clãs a chegar à quinta geração sem colocar a fortuna a perder, Olavo sempre desfrutou do melhor do Rio. Agora, quer retribuir.

Há dois meses, ele empresta à cidade seu sobrenome, sua experiência empresarial e a agenda cultivada nas altas rodas do Brasil e do mundo para ajudar a reverter a trajetória de decadência da cidade que acredita ter ficado para trás. Carioca e vascaíno acima de tudo, atendeu ao pedido do prefeito Eduardo Paes (PMDB) para presidir o conselho e dar grife à Rio Negócios, agência criada para aproveitar a vitrine que a Copa do Mundo de 2014 e a Olimpíada de 2016 darão ao Rio e organizar a atração de investidores.

Olavo virou agora um embaixador oficial do Rio para negócios, mas já vinha atuando como consultor informal. Da cantora Madonna ao bilionário investidor americano Nicolas Berggruen, não há gente importante em busca do caminho das pedras no Rio que não passe por uma mesa abastecida de bons vinhos e do carisma de Olavo.

Há dez dias, um dos convivas do empresário era o francês François-Henri Pinault, líder do grupo Pinault-Printemps-Redoute (PPR), que controla a rede de livrarias e eletrônicos Fnac e detém marcas como Gucci e Puma. Interessado no mercado brasileiro de luxo, o magnata quis saber mais do Rio. Paes não teve dúvidas. Mandou aprontar o melhor salão do Palácio da Cidade, em Botafogo, e escalou Olavo para recebê-lo num almoço.

Mesmo com fortes dores nas costas, Olavo foi até lá. Brindou com o francês e meia dúzia de executivos e pontuou com carioquices a apresentação técnica do diretor-executivo da Rio Negócios, Marcelo Haddad, sobre as vantagens e perspectivas da cidade. Ouviu de Pinault que o Rio seria mesmo um lugar fabuloso para uma loja da Gucci ou o pontapé da expansão da Puma no País.

Cinco projetos que somam investimentos potenciais de US$ 1 bilhão estão em discussão. Olavo e Haddad estão mais otimistas em relação à General Eletric (GE), cujos executivos ainda não se definiram entre Rio e São Paulo para o instalar o seu centro de pesquisa e desenvolvimento no Brasil. A IBM já decidiu: vai sediar no Rio seu centro de desenvolvimento de US$ 250 milhões. Já passaram pela mesa de Olavo, com o mesmo objetivo, representantes de empresas como L’Oréal e Cisco.

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"Com a Copa de 2014 e a Olimpíada de 2016, o Rio será daqui para frente o principal foco de atenção mundial. É uma oportunidade única para melhorar a cidade e atrair investimentos. Não podemos perder o bonde", diz um empolgado Olavo, que já viu a cidade perder vários. "O Rio era uma baleia encalhada, mas agora há um clima de mudança. Os governos municipal, estadual e federal pararam de brigar. Ainda há muitos desafios, como a segurança, mas o sucesso da ocupação de comunidades pela polícia mostra que estamos no caminho."

Para Olavo, a nova agenda positiva do Rio pode fazer a cidade retomar vocações econômicas, como a de serviços, finanças e inovação. Por isso, entre os executivos que tem recebido no Palácio da Cidade ou no escritório que montou em casa, com direto à vista deslumbrante de Santa Teresa, estão os interessados em instalar centros de pesquisa na cidade.

Procura

O empresário também diz já ter sido contactado por interessados em pesquisa energética e pessoas que querem instalar corretoras e negócios voltados para serviços financeiros na cidade. "Não tive nem tempo ainda de buscar os meus contatos. Estamos sendo mais procurados. Das principais cadeias mundiais de hotéis, recebi emissários de quase todas."

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Olavo começou a sistematizar sua militância pelo Rio em 2005, quando assumiu a Associação Comercial do Rio (ACRJ) pelas mãos do falecido supermercadista Arthur Sendas. Superou resistências para renovar a casa, que havia se tornado um desbotado clube de empresários aposentados, atraindo novas cabeças.

Conseguiu a adesão de grandes empresas e seus executivos, como Roger Agnelli, da Vale, Armínio Fraga, da Gávea Investimentos, e Eike Batista, e passou a mobilizar o empresariado em favor de projetos da cidade.

Chamado pelo governador Sérgio Cabral (PMDB), começou pela eleição do Cristo Redentor como uma das sete novas maravilhas do mundo, em 2007, e chegou à conquista da Olimpíada de 2016, cujo comitê de candidatura integrou.

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"Ninguém acreditava na campanha do Cristo, que deu uma grande visibilidade ao Rio. Começamos a chamar as empresas e o Luiz Carlos Trabuco (presidente do Bradesco) viu aquilo como uma grande bandeira pelo Rio. Subimos o Corcovado 14 vezes na campanha, unindo empresas e políticos de todos os partidos, do presidente Lula a Serra e Aécio", lembra Olavo. "A retomada da autoestima do Rio começou com a eleição do Cristo e tenho certeza de que ele nos abençoou para levar a Olimpíada."

Mesmo fora da ACRJ, ele continuou atuando como conselheiro do governador Sérgio Cabral (PMDB) e do prefeito Eduardo Paes (PMDB), articulando encontros deles com empresários dispostos a palpitar na política para melhorar o ambiente de negócios da cidade. "A conquista do Cristo e da Olimpíada de 2016 teve a mão, o coração, o corpo e a visão do Olavo", lembra Cabral. "É sofisticado, carioca e tem uma qualidade extraordinária: é vascaíno como eu."  

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