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'O governo não tem força para puxar investimento via recurso público', diz Mansueto sobre Pró-Brasil

Secretário do Tesouro negou que haja desacordo entre as alas política e econômica do governo; plano para o período pós-pandemia foi anunciado sem a participação do Ministério da Economia

Foto do author Eduardo Rodrigues
Foto do author Lorenna Rodrigues
Por Eduardo Rodrigues e Lorenna Rodrigues (Broadcast)
Atualização:

BRASÍLIA -O secretário do Tesouro Nacional, Mansueto Almeida, avaliou nesta quinta-feira, 22, ser necessário aumentar muito o investimento na retomada da economia após a crise, mas enfatizou que o governo não tem a capacidade de liderar esse movimento. 

Para o secretário do Tesouro, o Plano Pró-Brasil não trará um crescimento grande do investimento público Foto: Marcelo Camargo/ Agência Brasil

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“O governo não tem força para puxar investimento via recurso público, falta espaço fiscal. Mas quando sairmos da crise, cabe a nós mostrar aos investidores privados que teremos estabilidade de regras para recebermos esses investimentos”, afirmou, em teleconferência organizada pelo Lide Ceará. “Precisamos aprovar as reformas e a agenda de privatizações para dar aos investidores privados a segurança para investirem no Brasil.” 

Sem a participação de equipe econômica, a Casa Civil lançou na quarta-feira, 22, no Palácio do Planalto, o Plano Pró Brasil - chamado informalmente de “Plano Marshall” - para aumentar os investimentos públicos em infraestrutura no pós-crise.

Mansueto negou desacordo entre as alas políticas e econômica do governo e argumentou que houve um ruído de comunicação em torno do lançamento do Pró-Brasil. “Levei um susto com notícias sobre um ‘Plano Marshall’ brasileiro, porque o Plano Marshall foi usado para reconstruir a Europa e não precisamos reconstruir País algum. O que existe, e eu vejo isso de forma positiva, é a coordenação de ações de combate à crise na Casa Civil. Não há briga política nenhuma dentro do governo”, alegou.

Apesar do sinalizado pela Casa Civil na quarta, para o secretário do Tesouro, o Plano Pró-Brasil não trará um crescimento grande do investimento público. “Todo o governo sabe que precisaremos de investimento privado para retomar investimentos, enquanto o setor público entra propondo as medidas. O passado nos ensina que o Estado como grande investidor não funcionou.”

Mansueto disse que os R$ 30 bilhões previstos inicialmente pelo ministro da Infraestrutura, Tarcísio Gomes de Freitas, para o Plano Pró-Brasil de investimentos no setor até 2022 é factível. Ele lembrou que a pasta já dispõe de cerca de R$ 24 bilhões em recursos para os próximos três anos.

“O ministro falou em R$ 30 bilhões em três anos e ele já tem garantido R$ 24 bilhões nesse período. Aumentar esses recursos em R$ 5 bilhões ou R$ 6 bilhões é factível, R$ 2 bilhões por ano. Mas é preciso retirar esses recursos de outras áreas do orçamento”, alertou.

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Como mostrou o Estado, no entanto, o plano prevê um incremento de R$ 300 bilhões - R$ 250 bilhões em concessões e parceria público privada e outros R$ 50 bilhões de investimento públicos. A coordenação será do ministro-chefe da Casa Civil, Walter Braga Netto.

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