PUBLICIDADE

Publicidade

'O governo precisa reconhecer que errou'

Foto do author Francisco Carlos de Assis
Por Francisco Carlos de Assis (Broadcast)
Atualização:

O corte de despesas anunciado ontem pelos Ministérios do Planejamento e Fazenda no Orçamento de 2013, de R$ 10 bilhões, não será suficiente para resgatar a credibilidade da política fiscal do Brasil. É o que disse ao Broadcast, serviço em tempo real da Agência Estado, o ex-presidente do Banco Central (BC) e atual sócio da Tendências Consultoria Integrada Gustavo Loyola.De acordo com o economista, para recuperar a credibilidade arranhada no fim do ano passado com a adoção da "contabilidade fiscal criativa", o governo deveria ter feito um ajuste fiscal ao redor do valor aventado inicialmente, de R$ 25 bilhões. Com o valor anunciado agora, avalia Loyola, dificilmente a meta de superávit primário de 2,3% do Produto Interno Bruto (PIB) será alcançada. A seguir, os principais trechos da entrevista.Como o sr. viu o corte de R$ 10 bilhões no Orçamento de 2013 anunciado pelo governo?É um número mais baixo do que se previa. Havia uma expectativa de que fosse de R$ 25 bilhões. Não é suficiente para atingir a meta de 2,3% do PIB.Esse valor o surpreendeu?Não chegou a ser uma surpresa porque, a cada mensagem que o governo emitia após ter sinalizado que o corte poderia ser de R$ 25 bilhões, a promessa ia se desidratando. O problema é que o corte conta com receitas extraordinárias das concessões e do leilão do campo de Libra, do Pré-sal.O sr. afirma que o corte de R$ 10 bilhões não será suficiente para que a meta de primário de 2,3% do PIB seja alcançada. Qual é a sua previsão?Eu prefiro não fazer uma previsão, mas posso dizer que um governo que está prestes a fazer leilões de concessões precisa tomar medidas firmes para não correr o risco de não haver interesse em relação aos leilões e de grandes empresas ficarem de fora dos leilões.E, quanto à recuperação da credibilidade da política fiscal, o corte anunciado é positivo?O governo tem de recuperar a credibilidade perdida no começo deste ano quando adotou uma contabilidade criativa para atingir a meta fiscal. Mais positivo que o corte em si será o governo reconhecer com firmeza diante do mercado que errou ao adotar uma política fiscal expansionista e uma política fiscal frouxa.Onde o governo mais errou?Eu acho que o governo acabou usando algo que era justificável, que era a política anticíclica, o que é desejável em momentos de crises, mas não demonstrou indicadores de que em épocas de vacas magras se gasta mais, mas em períodos de vacas gordas se economiza.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.