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Professor de Finanças da FGV-SP

O impacto do seu investimento

Discussão sobre ESG evoluiu e incorpora a realização de investimentos maneira mais contundente e eticamente alinhada

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Por Fábio Gallo
Atualização:

Nos últimos tempos, ganhou muita força no mercado o investimento dedicado a empresas que são socialmente responsáveis. Aqueles investimentos denominados ESG, sigla que conjuga os aspectos ambiental (environmental), social (social) e de governança (governance). No entanto, essa discussão que até há pouco era vista como mais uma alternativa interessante evoluiu e está incorporando a realização de investimentos de maneira ainda mais contundente e eticamente alinhados. 

Investimentos ESG são aqueles que levam em consideração os aspectos ambientais, sociais e de governança de uma empresa Foto: Tiago Queiroz/Estadão

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São investimentos realizados por aqueles que realmente desejam fazer diferença na vida dos outros, os chamados investimentos de impacto. Vistos como um passo adiante dos investimentos ESG. Investir em empresas que buscam conciliar a obtenção de resultados econômico-financeiros à geração de impacto social que seja quantificável. Em outros termos, obter retornos financeiros positivos com resultados socioambientais devidamente mensurados.

Tudo o que temos vivido ao longo da pandemia trouxe muitas lições. Uma das mais ricas é que passamos a dar mais valor ao que realmente é importante nas nossas vidas. Essa atenção por valores ligados à vida está fazendo com que as pessoas se voltem para a busca de um futuro melhor para todos e, por consequência, o investimento em empresas que tenham essa preocupação. No sentido deontológico, os indivíduos estão fazendo escolhas por empresas que agem dentro do moralmente necessário e que deve ser feito. Lançando mão de Kant, que diz que agir por dever é dar à ação o seu valor moral, mas que só atinge a perfeição moral quando exercida por livre vontade.

Segundo estimativas do Global Impact Investing Network (GIIN), em 2020 esse segmento de mercado atingiu cerca de US$ 715 bilhões em ativos sob gestão – embora a International Finance Corporation (IFC) tenha colocado uma estimativa ainda maior, de US$ 2,1 trilhões. Essas organizações apontam que as perspectivas para esse tipo de investimento são bastantes promissoras. Basta observar certas tendências mundiais importantes, como a crise climática, a desigualdade socioeconômica, a disparidade de gênero, a injustiça racial e outras crises que colocam grandes desafios para os governos e a sociedade em geral. 

Somente para atender aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU serão necessários US$ 2,5 trilhões até 2030. Por outro lado, para poder receber o rótulo de impacto, os investidores demandam uma combinação de melhores padrões e medidas de retorno financeiro do impacto social. Hoje, podemos encontrar novas estruturas e ferramentas para controlar e medir o impacto dos projetos. Alguns desses instrumentos são oferecidos por consórcios de entidades e profissionais como PNUD, IFC, GIIN, entre outros, e de forma gratuita. Nada como fazer o certo! O retorno ocorre de várias formas, inclusive financeira.

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*PROFESSOR DE FINANÇAS DA FGV-SP

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