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O momento mais difícil da crise das empresas

Entre janeiro e junho, o número de pedidos de falência no País alcançou 869

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Por Redação
Atualização:

Entre janeiro e junho, o número de pedidos de falência no País alcançou 869, mais 8,9% em relação ao primeiro semestre do ano passado, segundo a Serasa Experian. Números semelhantes foram divulgados pela Boa Vista SCPC – Serviço Central de Proteção ao Crédito, que, com outra metodologia, indicou que 1.098 empresas quebraram no primeiro semestre. São indicadores das dificuldades por que passam as companhias em decorrência da recessão aguda do biênio 2015/2016.

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Pedidos de falência são a última etapa de uma sucessão de problemas que começam com a inadimplência com fornecedores, concessionárias de serviços públicos e bancos.

No primeiro semestre, segundo a Serasa, houve 923 pedidos de recuperação judicial, 87,6% mais do que em igual período de 2015 e o maior desde 2006, após a entrada em vigor da nova Lei de Falências. Nos cálculos da Boa Vista SCPC, os pedidos de recuperação judicial cresceram 113,5% e os deferimentos, 118,8% em relação a igual período de 2015. Usualmente, falências só são pedidas quando os credores consideram que a recuperação é vista como impossível.

Os indicadores de crédito e a política monetária do Banco Central mal revelam os problemas de atraso de pagamentos. Em maio, a taxa de inadimplência das operações de crédito com atraso superior a 90 dias atingiu 3,8% (+0,1 ponto porcentual em relação a abril e +0,8 em relação a maio de 2015). A inadimplência das famílias estabilizou-se em 4,3% e a das empresas cresceu 0,1 ponto, chegando a 3,2% – nas operações de crédito livre foi de 5,9% (+0,2 ponto no mês) e no crédito direcionado, 1,7% (+0,1 ponto).

As renegociações de crédito com instituições financeiras, feitas por pessoas físicas e jurídicas, camufla a dimensão da crise dos devedores. Mesmo grandes empresas estão muito endividadas.

Entre 2015 e 2016, os indicadores pioraram mais rapidamente do que na comparação entre 2014 e 2015. A piora da situação financeira das companhias se deve aos juros altos, à fragilidade do mercado de consumo, ao desemprego e à queda da renda. Grandes consumidores, como os governos, cortaram despesas, dado o declínio da arrecadação tributária e a necessidade de honrar o serviço da dívida, em geral elevada.

Os sinais de que a economia chega ao fundo do poço podem propiciar algum alento para as empresas, mas será preciso antes enfrentar os problemas de curto prazo.

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