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'O navio não está desgovernado', diz presidente interino da operadora Oi

Cúpula da companhia se reuniu para traçar uma estratégia para acalmar o mercado; as ações da Oi despencaram na Bolsa por dois dias consecutivos com a renúncia do executivo Zeinal Bava

Por Mariana Sallowicz e Monica Scaramuzzo
Atualização:

Em meio ao derretimento das ações da Oi na Bolsa por dois dias seguidos, a alta cúpula da companhia se reuniu ontem com o presidente interino, Bayard Gontijo. O objetivo foi traçar uma estratégia para comunicar ao mercado que, apesar da saída de Zeinal Bava, a companhia não está sem rumo, manterá a reestruturação operacional e será protagonista no movimento de consolidação do setor. "Sem a Oi, a consolidação não acontece", disse Bayard ao Estado. As ações preferenciais da empresa tiveram queda de 13,16%, na mínima de R$ 1,32. No dia anterior, caiu 8,73%. "Eu estou convicto que temos todas as condições de superar os desafios, estou há 11 anos na Oi. Tenho história e experiência no setor, isso aqui não é uma aventura", disse Bayard. "O navio não está desgovernado." Bayard conta com o apoio dos acionistas brasileiros, que estão sem pressa para procurar novo executivo.

Dívida da operadora brasileira é de R$ 46 bilhões Foto: Werther Santana/Estadão

Sobre a queda das ações, afirmou que a reação do mercado é natural. "A gente acabou de ter uma mudança de trajetória da companhia, o Zeinal (Bava, ex-presidente) é muito respeitado pelo mercado, é natural que crie uma instabilidade em relação ao futuro. A parte que me cabe é assumir o comando rapidamente". Bayard quer ver as ações da Oi "em outro patamar" no prazo de 36 meses.

O presidente disse que iniciativas positivas de Bava serão mantidas, mas "há ajustes naturais". "Aos poucos vamos fazer as mudanças que achamos que são importantes", afirmou, sem detalhar o que poderá mudar.

Venda.

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Gontijo disse que a fusão com a Portugal Telecom não será desfeita, mas admitiu que os ativos portugueses podem ser vendidos. "Nós vamos vender os ativos que os acionistas entendam adequados ao movimento de consolidação no Brasil." O

Estado

apurou que além da francesa Altice, outras operadoras europeias e grandes fundos de investimentos estão interessados na PT, avaliada entre 6,5 bilhões e 7 bilhões. "A Altice está mais próxima, mas outras intenções de propostas chegaram", afirmou uma fonte familiarizada com o assunto. Com a venda, o dinheiro da PT entraria direto no caixa da Oi. O comprador também teria a opção de assumir dívida.

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O BTG Pactual, sócio da Oi, foi contratado para atuar como comissário mercantil para apresentar alternativas de consolidação. "O BTG também é responsável por apresentar plano de 'funding' (financiamento) para a gente fazer a consolidação", disse.

Fontes ligadas à empresa afirmaram que a América Móvil, dona da Claro, e Telefônica/Vivo devem se manifestar em breve sobre um possível fatiamento da TIM Brasil - que também estaria analisando a Oi, "Estamos animados com um acordo que poderá ser anunciado em breve", disse uma fonte a par do assunto.

Segundo Gontijo, o projeto da companhia de ingressar no Novo Mercado da BM&FBovespa, até o primeiro trimestre de 2015 é prioritário e está mantido. Uma das principais preocupações do mercado é com o alto endividamento da companhia, de R$ 46,2 bilhões. Gontijo reconheceu que a companhia está alavancada, mas afirmou que a questão está sendo trabalhada. "A gente vai atacar o endividamento com controle de custos, de Capex (investimentos), com uma abordagem mais granulada dos investimentos, para buscar retorno de curto, médio e longo prazo".

Para isso, a empresa está cautelosa com a aplicação de recursos. Um exemplo foi a decisão de não participar do leilão do 4G, da frequência de 700 megahertz. Na entrevista, Gontijo destacou o dispêndio relativamente alto "em função não só da licença, mas como da limpeza da faixa de frequência", com um retorno que era de médio e longo prazo. "Nesse momento a gente pode fazer a utilização do capital em projetos que vão dar retorno de curto prazo".

Mensagem.

Em sua carta de despedida enviada a colaboradores, Bava citou a necessidade de enfrentar desafios ao colocar os interesses da companhia acima das vontades próprias, segundo o Jornal de Negócios, de Portugal.

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