A perda do grau de investimento do Brasil pela agência de classificação de risco Standard & Poor's pode ser considerada o marco da gravíssima e aguda crise econômica brasileira, afirmou a economista Monica de Bolle, pesquisadora do Peterson Institute for International Economics. Segundo ela, a ação surpreendente da agência de rating é o resultado da gastança escondida ao longo dos últimos quatro anos. "E agora o Brasil vai comer o pão que o diabo amassou, porque a perda do grau de investimento é um atestado da fragilidade econômica que o governo não reconhece." No curto prazo, diz ela, a decisão trará forte turbulência ao mercado financeiro e, no médio prazo, implicará saída de capital do País. Fundos de pensão que hoje têm grandes quantias investidas no Brasil por causa do grau de investimento não poderão deixar o dinheiro aplicado por aqui. O economista José Julio Senna, chefe do Centro de Estudos Monetários do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (Ibre/FGV), acrescenta que o saldo não será positivo. "O juro real, influenciado pelo avanço do risco País, tende a subir, haverá retração e encarecimento do crédito e a desaceleração econômica vai continuar", afirma ele. "A melhora da economia requer um estado de espírito positivo, que hoje não existe."