13 de setembro de 2021 | 05h00
A resposta exata a essa pergunta eu não tenho, mas ajudar a chegar lá é possível. A questão aqui colocada tem caráter pessoal. Cada um tem a sua própria definição e interpreta de forma única essa questão.
De maneira ampla, independência financeira significa ter dinheiro investido suficiente para viver o tipo de vida desejado sem ter preocupação em trabalhar para manter a renda.
Justamente porque faz parte dessa definição o estilo de vida desejado, a independência financeira ganha contornos exclusivos para cada pessoa.
A ideia da independência financeira é “faça o dinheiro trabalhar para você, assim você pode parar de trabalhar para o dinheiro”. Alguns usam a expressão como eufemismo para riqueza. Mas independência financeira não é bem isso.
Ter independência financeira é, na verdade, ter dinheiro suficiente para viver com alto grau de bem-estar sem precisar trabalhar para conquistar mais renda. Jeff Bezos é o cara mais rico do mundo, segundo a ‘Forbes’, com uma fortuna de US$ 177 bilhões. Obviamente tem independência financeira.
Por outro lado, alguém que more numa casa pequena, tenha um carrinho velho, mas viva super bem nessa situação, com tudo o que deseja, se sente com alto grau de bem-estar e não precisa trabalhar mais para manter essas condições.
Podemos dizer que ele atingiu a sua independência financeira. O importante é que a pessoa não precisa gerar renda adicional para viver da maneira que deseja.
O roteiro para conquistar a sua independência financeira começa justamente na definição de objetivos de vida: onde você quer chegar e como deseja viver.
Com base nisso, realize um planejamento financeiro e mantenha seu orçamento bem organizado. Fuja de dívidas e economize para gerar poupança. A dica aqui é que você deve procurar viver abaixo do que ganha. Um ponto comum entre
Bezos e a pessoa que vive modestamente é que, em qualquer caso, deve-se cuidar dessa poupança. Investir os recursos de maneira adequada é essencial.
A independência financeira pode ser conquistada cedo, por pessoas jovens, ou mais tarde, por aquelas já em época de aposentadoria. Por isso, em primeiro lugar, deve-se buscar a manutenção da riqueza, de forma a manter o estilo de vida desejado.
Nesse aspecto estamos assistindo a um fenômeno interessante: pesquisas internacionais dedicadas aos aposentados têm mostrado que o medo de ficar sem dinheiro impede que muitos deles aproveitem o pé-de-meia que trabalharam a vida inteira para construir. As pessoas têm deixado de fazer coisas que haviam planejado para não ver seu saldo reduzido.
Isso fatalmente leva à redução do grau de bem-estar e traz consequências para a vida das pessoas, até potencializando declínio cognitivo. Alguém pode estar se perguntando se Jeff Bezos se julga com alto grau de bem-estar?
Em entrevistas ele diz que sim e propõe como base para essa conquista a pergunta: “Que escolhas você fará?” Para ele, “no fim, somos nossas escolhas. Construa uma ótima história para você.”
PROFESSOR DE FINANÇAS DA FGV-SP
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