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O que puxou o dólar: o IOF ou a alta dos juros na China?

Por Análise: Otto Nogami
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Duas semanas atrás, preocupado com a forte valorização do real, o governo elevou o IOF de 2% para 4% sobre o capital estrangeiro que aportava na economia brasileira para aplicações em ativos financeiros de renda fixa, pela rentabilidade que eles apresentam. Mas como a medida foi inócua o governo decidiu atacar em duas frentes simultaneamente: ampliou essa alíquota de 4% para 6% no mercado à vista para aplicações em renda fixa, e estendeu a ampliação do IOF para no mercado futuro de dólar, de 0,38% para 6%, que incidia sobre os depósitos de garantia (margem) exigidas pela BM&FBovespa.Essa redução na rentabilidade das aplicações, oriunda do aumento do IOF, pode sem dúvida, no curto prazo, desestimular a entrada do dólar. Mas o aspecto mais relevante a ser considerado, é a maneira como o governo conduziu todo o processo. Esse curto espaço de tempo entre as duas medidas tomadas Para taxar o capital especulativo, acabou mostrando que o governo tem a pré-disposição de modificar as regras do jogo quando julgar mais conveniente, o que pode afugentar outros investidores, que passam a ser mais cautelosos com a possibilidade de que novas medidas venham a ser tomadas. Essa percepção aumenta o risco e, por consequência, diminui a perspectiva de maior valorização do real, podendo fazer com que parte desse capital retorne ao seu país de origem, reduzindo as reservas cambiais brasileiras.Aliás, intervenções governamentais nos mercados sempre são vistas com grande cautela pelos investidores. Isso pode fazer com que o País deixe de ser atraente para o investidor estrangeiro de curto prazo e, à medida que isso comece a comprometer de alguma maneira as nossas reservas, poderá levar o governo a mexer de novo nas alíquotas ou elevar os juros. De qualquer maneira, uma dúvida fica: o comportamento do dólar ontem, que teve a maior alta desde junho, é resultante da medida do governo ou reflexo da elevação da taxa de juros chinesa em 0,25pp?PROFESSOR DE AMBIENTE ECONÔMICO GLOBAL, DO INSPER.

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