14 de maio de 2013 | 02h03
Não se trata, por ora, de uma tendência explosiva: entre abril de 2012 e abril de 2013, o porcentual de endividados aumentou 6,5 pontos porcentuais, de 50,6% para 57,1%. Antes da alta do endividamento dos últimos meses, houve uma certa estabilização, que se deve à recomposição regular da renda das famílias por ocasião dos dissídios coletivos, do aumento do salário mínimo e das aposentadorias, bem como da manutenção de índices baixíssimos de desemprego.
Os sinais de elevação da inadimplência, além do mais, não estão consolidados. Há um mês, o economista Tulio Maciel, do Banco Central (BC), considerou que o momento mais crítico da inadimplência já passou. Mas na semana passada a Pesquisa Nacional sobre Liquidação de Cheques, feita pelo Telecheque, mostrou que o índice de inadimplência de cheques cresceu 7,94% entre março e abril, enquanto o nível de inadimplência passava de 3,15% para 3,40%.
O fato novo é a confirmação de que a inflação se consolida em nível mais robusto. Segundo o relatório Focus de 10 de maio, divulgado pelo BC com base nas expectativas dos agentes econômicos, a inflação oficial, medida pelo IPCA, deverá atingir 5,8% em 2013, bem acima da projeção de 5,71%, do Focus de 3 de maio, antes da divulgação do último IPCA, de 0,55%, em abril.
Para os consumidores da classe média, que pagam mais ao comprar alimentos, ao quitar o aluguel e remunerar as horas extras do pessoal doméstico, sem receber aumento de salário, a alternativa é consumir menores quantidades e cortar itens ou fazer dívidas.
Mas o endividamento, segundo a Fecomércio, cresceu justamente nos cartões de crédito (73,6% do total das famílias) e ele tem de ser quitado, pois sujeita o devedor a taxas superiores a 190% ao ano. Assim, se as contas não se tornarem insuportáveis neste ano, é provável que isso ocorra em 2014. O endividamento crescente é a pior opção diante do consumidor e para a economia.
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