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''''O serviço bancário não encareceu''''

Fabio Barbosa: presidente da Federação Brasileira de Bancos e do ABN Amro [br]Executivo aprova medidas do governo e credita a expansão das receitas de serviços ao aumento no número de clientes

Por Renée Pereira
Atualização:

O presidente da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), Fabio Barbosa, viu com bons olhos o conjunto de medidas anunciadas ontem pelo governo para regular as tarifas bancárias. Na opinião dele, as novas regras vão aumentar a transparência do sistema financeiro, que viu o número de contas correntes saltar de 42 milhões, em 1997, para 100 milhões, hoje. "O serviço bancário não encareceu. Foi o número de clientes que aumentou." A bancarização, aliada ao robusto crescimento da economia, explica a evolução das receitas de prestação de serviços, explica Barbosa. O executivo, que também é presidente do banco ABN Amro Real, afirma que as mudanças deverão ter efeito sobre as receitas de serviços das instituições financeiras. Mas não soube quantificar qual seria o impacto. "É cedo para dimensionar os efeitos, até porque teremos de analisar detalhadamente todas as regras." Barbosa também lembrou que as medidas vão ao encontro de uma série de mecanismos de auto-regulação da Febraban. A entidade lançou, em setembro, o Sistema de Divulgação de Tarifas de Serviços Bancários, o Star, em seu site na internet (www.febraban.org.br), que permite a consulta e comparação das tarifas bancárias praticadas pelos bancos associados. Hoje, as tarifas bancárias (para clientes pessoa física e pessoa jurídica) respondem por cerca de 20% do total de receitas das instituições financeiras. A cobrança dos serviços teve início em 1994, com o fim da escalada dos índices de preços. Elas vieram para substituir os ganhos obtidos com a inflação no passado, os chamados ganhos de floating. A seguir alguns trechos da entrevista com o presidente da Febraban. Como o sr. avalia o conjunto de medidas anunciadas para as tarifas bancárias? As medidas vão na direção correta. Nós, da Febraban (Federação Brasileira de Bancos), já estávamos trabalhando na melhoria da transparência das tarifas praticadas no setor. As medidas do Banco Central (BC) vieram nessa direção, de aumentar a transparência do setor. Temos noção de que o sistema financeiro aumentou muito nos últimos anos. Hoje, trabalha com 100 milhões de contas. O perfil do cliente mudou muito e isso requer mais transparência. O sr. atribui a isso o crescimento vigoroso das receitas de serviços? O banco ficou mais inclusivo, mais acessível. Muitas vezes seguimos pistas falsas. O que temos hoje são mais clientes, mas mecanismos de atendimento, internet, mais caixas eletrônicos. Oferecemos uma série de serviços para os clientes que antes não existia. Outra explicação para o aumento das receitas é o crescimento da economia, que permitiu o aumento do crédito, dos investimentos e da emissão de ações por parte das empresas. Nós ganhamos comissões nesse tipo de operação e isso entra como receita de prestação de serviço. Não está havendo um encarecimento do serviço bancário. As medidas podem melhorar o relacionamento dos clientes com os bancos? As medidas vão permitir mais comparação. Os bancos são os maiores interessados em melhorar o atendimento de seus clientes. Queremos tratar melhor os clientes e poder vender mais produtos para eles. Num primeiro momento, as regras vão reduzir as receitas de serviços dos bancos? É cedo para dimensionar os efeitos, até porque teremos de analisar detalhadamente todas as regras. Mas algum impacto deve haver, sim. As instituições financeiras foram consultadas para a criação das medidas anunciadas? Não. Foi o governo que decidiu tudo. O que o sr. acha que incentivou essa campanha por mudanças nas tarifas bancárias? Foi o tamanho dos lucros apresentados nos últimos trimestres? Acho que isso é resultado de uma sociedade cada vez mais exigente. E isso é positivo. Mas há uma percepção no mercado de que a rentabilidade dos bancos é muito alta comparada à dos demais setores, o que não é verdade. Em 2006, o setor bancário ficou em sexto lugar em rentabilidade, abaixo de mineração, por exemplo. Mas o resultado dos bancos tem um impacto maior na mídia. Temos um aumento expressivo de contas correntes. Quando a economia cresce, os bancos também crescem. E isso é bom, pois precisamos ter grandes bancos no País. A exigência de extrato de tarifas e a declaração do custo efetivo total dos empréstimos vão aumentar o custo dos bancos? Sim. Mas é uma medida de transparência e acho importante. Quem é: Fabio Barbosa Além da presidência da Febraban, que assumiu em abril, é presidente do ABN Amro Real Passou pela Nestlé e Citibank e deu aulas na Fundação Getulio Vargas onde estudou administração de empresas É membro do Conselho de Administração da Petrobrás e da Editora Abril Foi cotado para presidente do Banco Central

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