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''''O sistema financeiro do Brasil é saudável''''

Presidente do Bradesco diz que bancos do País não têm papéis do setor de imóveis dos EUA em suas carteiras

Por Leandro Mode
Atualização:

O presidente do Bradesco, Márcio Cypriano, garante que o mercado financeiro do Brasil está saudável e nada tem a ver com a turbulência desencadeada pela crise imobiliária americana. Na opinião dele, o País é "outro hoje" e está preparado para enfrentar o vaivém das cotações. Ele conversou com o Estado na tarde de sexta-feira. Ouça o áudio com a entrevista CRISE DIFERENTE "Estou há mais de 30 anos no mercado e já vi muita coisa. O problema é que essa crise ou turbulência é um pouco diferente da crise global iniciada em 1997 no Sudeste Asiático. A atual está localizada e é conjuntural. Nasceu de um curto-circuito provocado pelo excesso de alavancagem para financiar hipotecas de segunda linha nos Estados Unidos. Poderíamos chamar de forte correção dos preços dos ativos. Não é uma crise sistêmica clássica, pois os fundamentos da economia global são muito mais sadios hoje." SUBPRIME NO BRASIL? "No mercado brasileiro, nenhum banco detém papel subprime. Os bancos têm ativos totalmente sadios. O financiamento imobiliário que temos aqui é totalmente diferente. É financiamento para o próprio mutuário ou para a construção, com garantias." EXPERIÊNCIA "Acho que de toda crise tiramos lições. É uma lição para a gente também, pois lá na frente, num momento de extrema liquidez no mercado brasileiro, saberemos a melhor forma de operar." CONSELHO AO INVESTIDOR "Nessa hora, é preciso ter sangue-frio. Os mercados variam muito. É da natureza absorver os excedentes, arbitrar os exageros e corrigir as distorções. A gente faz diariamente. Acredito que o Brasil sai melhor desse episódio perante os investidores globais porque mostra que nossa capacidade de análise é muito boa." RITMO MANTIDO "Estamos seguindo um ritmo forte em termos de inauguração, divulgamos um balanço do segundo trimestre muito bom e continuamos prevendo uma expansão econômica acima de 5% para 2007. Nossa área econômica já projeta um crescimento de 5,2% para o PIB (Produto Interno Bruto) deste ano. Enfim, para o banco não mudou nada. Continuamos no mesmo ritmo para cumprir as metas que estabelecemos no fim do ano passado." RECOMPRA DE AÇÕES "Normalmente, temos programas para compra de ações para ficar em tesouraria. O banco sempre utiliza esse mecanismo. Se a área de auditoria entender que é interessante comprar ações, nem que seja para eliminar lá na frente, a gente vai fazer, com autorização do Banco Central (BC)." CRESCIMENTO DO PAÍS "Se olharmos bem os prejuízos, por enquanto estão com os mamutes. Ou seja, bancos como Goldman Sachs, Bear Stearns e BNP Paribas. São bancos que estavam com extrema liquidez e tiveram de arriscar um pouco mais nos seus papéis. Isso de forma alguma afetará o Brasil. Os fundamentos do País são muito bons. Se essa crise fosse em 2004, diria que íamos sentir muito. Hoje, não. O PIB cresceu, em média, 4,1% entre 2004 e 2006. Entre 2001 e 2003, foi de 1,7%. É claro que a gente tem de fazer investimento em infra-estrutura, as reformas de que o Brasil precisa - previdência e tributária. Mas o Brasil é outro hoje."

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