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O varejo não é mais aquele. E vai mudar ainda mais; leia análise

Precipitado pelo avanço do digital, vamos assistir a uma transformação ampla e profunda do mercado, do consumo e do setor varejista

Por Marcos Gouvêa de Souza
Atualização:

No recente ciclo de fusões, aquisições, composições e ampliação de atuação das empresas de consumo e varejo que operam no Brasil, há um denominador comum: os ecossistemas de negócios.

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Magalu, Via, Americanas, Carrefour, Renner, Riachuelo, Soma, Arezzo, Pão de Açúcar, Mercado Livre, só para citar alguns grupos, se inspiram no que aconteceu na China para repensar sua visão, ambição e a definição de seu âmbito de atuação a partir do relacionamento privilegiado com consumidores nos canais físicos e digitais. 

E quanto mais rápido crescem e se tornam relevantes, mais potencial têm para se tornarem ainda maiores pelo aumento de seu poder de fogo e valor de mercado. Isso explica a aceleração desse processo de fusões e aquisições envolvendo o varejo e o aumento do interesse por esse setor na retomada pós pandemia.

Um dos meses mais esperados do primeiro semestre para os comerciantes, maio deve ter crescimento pouco expressivo nas vendas. Foto: Daniel Teixeira/Estadão

Os ecossistemas nascidos na China têm como benchmark global Alibaba, JD.com, Didi, Tencent, entre outros, e tiveram nos últimos anos forte crescimento, atingindo valores de mercado que superam praticamente todas as tradicionais corporações globais em seus setores.

Esses ecossistemas criam uma combinação de fatores a partir do conhecimento e relacionamento com os consumidores, a integração virtuosa de negócios e o uso desses ativos estratégicos para ampliar sua atuação, permitindo incorporar novas categorias de produtos e marcas, novos canais, segmentos e extenso portfólio de serviços, que vão da alimentação à saúde, passando por logística, educação, entretenimento, lazer, viagens, pagamentos e outros.

A partir da ampliação de sua atuação original, algumas empresas e grupos assumem uma estratégia de consolidadores e avançam de forma acelerada para ampliar sua atuação, buscando segmentos e conceitos que tenham frequência e constância de compra e consumo, em especial tudo que envolva alimentação, transporte, meios de pagamentos e finanças, saúde, entre outros.

Mas todo esse processo estimula que outros grupos também avancem para consolidar negócios num cenário que se tornou ainda mais competitivo em tempos de pandemia. Isso obriga à busca do aumento da escala dos negócios, do âmbito de atuação, da eficiência, da produtividade e aumento do protagonismo das marcas.

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E só estamos na fase intermediária desse processo de transformação.

Precipitado pelo avanço da participação do digital, vamos assistir a uma transformação ainda mais ampla e profunda do mercado, do consumo e do varejo, com a perspectiva de que, em breve, esses ecossistemas irão se compor entre si, criando mega ecossistemas.

O varejo mudou e vai mudar ainda mais o cenário dos negócios na área de consumo. E essa verdadeira “corrida do ouro” a que temos assistido é apenas o trailer do que vem por aí.

*FUNDADOR E DIRETOR-GERAL DA GOUVÊA ECOSYSTEM

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