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Jornalista e comentarista de economia

Opinião|O veto e o desemprego

A renegociação das dívidas dos Estados vai mostrar qual 'não-amém' tem mais força: o da Câmara ou o de Temer

Foto do author Celso Ming
Atualização:

A decisão do presidente Temer de vetar o projeto de lei da renegociação da dívida dos Estados demorou mais do que deveria e produziu vacilações também maiores do que deveria.

Este é o primeiro assunto deste comentário. O outro é o nível do desemprego, divulgado nesta quinta-feira e que pode ser observado no gráfico abaixo.

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Logo depois que a Câmara dos Deputados desfigurou o projeto de lei, na medida em que autorizou o alongamento das dívidas, mas eliminou as contrapartidas a serem exigidas dos Estados, o presidente Temer avisou que “a tendência maior era não vetar”. Enquanto isso, o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, dedicava-se a fazer o jogo do contente. Em resposta à reação contundente dos críticos, que escracharam a derrota do governo, Meirelles alegou que as contrapartidas poderiam ser, afinal, exigidas nas negociações diretas com cada Estado. Depois se viu que isso não passou de enganação.

Mas, 8 dias depois, Temer optou pelo veto, desta vez com o argumento, correto, de que apenas o alívio momentâneo não eliminaria o forte desequilíbrio fiscal dos Estados nem suas causas. Seria preciso assegurar contenção nas contratações de pessoal e reajustes salariais dos funcionários públicos e garantir providências que refreariam a escalada do rombo dos sistemas estaduais de previdência.

Há três Estados em situação de calamidade financeira (Rio de Janeiro, Minas e Rio Grande do Sul). Pagamento a fornecedores, salários, aposentadorias e pensões estão sendo atrasados. E, se tudo continuar como está, o argumento de que os direitos adquiridos serão preservados não passará de lorota, porque a falta de caixa prevalecerá.

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Então ficamos assim: primeiramente, a Câmara optou por “não dizer amém para o presidente da República”, na expressão usada pelo presidente da Câmara, Rodrigo Maia. Depois, Temer decidiu também não dizer amém para a Câmara, baseado no pressuposto de que seu veto não seria derrubado porque o Congresso entrou em recesso e, na sua volta, em fevereiro, teria outros assuntos de que cuidar.

Fica sem explicação a facilidade com que a Câmara se atirou de cabeça a uma monumental irresponsabilidade e a imediata reação do governo – depois revista – de engolir mais essa. E ficamos sem saber qual ‘não-amém’ prevalecerá: se o da Câmara ou se o do presidente.

O outro assunto do dia foram as novas estatísticas sobre o mercado de trabalho. O desemprego, conforme apurado pela Pesquisa Nacional por Amostras de Domicílios – Contínua (Pnad Contínua), atinge 12,1 milhões de brasileiros. O melhor que se pode dizer é que há quatro meses não vem se agravando. Mas isso é pouco. Não há muita perspectiva de que essa situação se retraia porque a atividade econômica continua em marcha a ré. Ainda nesta semana, o Banco Safra anunciou que não conta com mais do que crescimento zero ao longo de 2017. E, mesmo se houver alguma reativação da economia, é improvável que a contratação de mão de obra aconteça na mesma proporção, porque por toda parte as empresas estão empregando tecnologia altamente poupadora de mão de obra.

Confira:

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Em anos de forte crise, geralmente o dólar dispara e a Bolsa mergulha. Em 2016 aconteceu o contrário. O ano começou com o dólar a R$ 4,03 e fecha a R$ 3,25, variação acumulada negativa de 17,88%. A Bolsa começou o ano a 42.141 pontos e terminou a 60.227, alta de 38,81%. Não há falta de dólares no mercado. Mesmo com o início da operação de enxugamento pelo Fed, Banco Central dos Estados Unidos, vêm entrando mais dólares do que saindo. A Bolsa teve seus melhores dias em maio, quando a presidente

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Dilma foi destituída. E agora amarga período mais fraco, porque o setor produtivo não reage.

Opinião por Celso Ming

Comentarista de Economia

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