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Jornalista e comentarista de economia

Opinião|O zap e a crise

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Atualização:

E a crise da Economia também chegou ao setor de TV por assinatura. Depois de um crescimento exponencial, em que a base de assinantes do serviço mais que dobrou entre 2010 e 2014 (veja o gráfico ao lado), o segmento registrou a primeira queda de clientes ao longo de 2015.

Estatísticas divulgadas pela Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) no dia 19 mostram que, em novembro do ano passado, eram 19,2 milhões de domicílios assinantes, 2% a menos que em dezembro de 2014. Para 2016, apesar do forte apelo da Olimpíada, as previsões continuam apontando para queda. 

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As projeções da Associação Brasileira de Televisão por Assinatura (ABTA) para o ano que passou já não eram das mais otimistas. No início do ano, as empresas do setor esperavam que a base de 19,6 milhões de domicílios assinantes permanecesse inalterada. Mas vieram os atropelos da crise e o que veio junto. “O resultado é preocupante, mas pelo menos o setor sofreu menos que a média da economia do País”, observa o presidente da ABTA, Oscar Simões, ao se referir às projeções de que o PIB brasileiro tenha despencado para algo em torno dos 4% negativos em 2015.

O que pode explicar esse tombo não tão grande do setor é o fato de que comprar um pacote de TV por assinatura ainda sai mais barato do que sair uma vez por mês com a família para ver um filme, comprar ingressos, pipocas, pagar combustível, estacionamento, etc. Os preços podem estar pela hora da morte, mas não dá para dispensar um mínimo de lazer.

Simões explica que grande parte do cancelamento das assinaturas se deve à quebra da renda familiar: “Não é por insatisfação que as pessoas estão cancelando o serviço, mas porque não conseguem mais pagar por isso”.

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O setor enfrenta o impacto da alta da carga tributária. No fim do ano passado, 15 Estados, além do Distrito Federal, aumentaram em 50% a alíquota do ICMS, de 10% para 15%. Minas Gerais passou a cobrar ICMS de 12%, Santa Catarina elevou a cobrança do ICMS da TV paga para 12,5% e apenas 9 Estados mantiveram a alíquota de 10%, ou seja, na maioria dos Estados, o preço do pacote vai subir.

A perda de renda, conjugada com o aumento de impostos, abre espaço para a pirataria. O decodificador não autorizado para a captação dos canais pagos pode ser adquirido facilmente pelo preço de um ou dois meses de assinatura nos centros especializados em produtos eletrônicos, como o da Rua Santa Ifigênia, em São Paulo. 

Se fosse uma empresa, o acesso clandestino aos canais de TV por assinatura seria a terceira maior operadora do País, com 4,5 milhões de domicílios com acesso ilegal ao serviço. Pesquisa encomendada pela ABTA mostrou que, em 2015, houve um crescimento de 8,6% na base de acessos clandestinos em relação ao ano anterior. 

As previsões de 2015 de que esse segmento se expanda 1,5% em 2016 já ficaram excessivamente otimistas. / COM LAURA MAIA

ENTENDA

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E tem o Netflix

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O principal serviço de TV por internet do mundo, o Netflix, tem ganhado cada vez mais assinantes no Brasil. Embora a empresa divulgue apenas números mundiais da base de assinantes (74,8 milhões), o presidente da Netflix, Reed Hastings, recentemente utilizou o termo ‘foguete’ para se referir ao crescimento de assinaturas por aqui, apesar da crise. Não há números sobre isso, mas como são pacotes de 20 e poucos reais, é provável que este serviço esteja abocanhando parte da clientela que já não pode pagar pela TV por assinatura, mas quer continuar a ter acesso não clandestino a séries e a filmes.   Ainda vai dar briga

Assim como acontece com o Whats-App, que é acusado de pirataria pelas operadoras telefônicas, o Netflix tem sido alvo de críticas por parte do setor de TV por assinatura. Este alega que, por estar sediada em outro País, a Netflix não é alcançada pela tributação e por exigências a que os canais pagos estão sujeitos, como, por exemplo, pela porcentagem mínima de conteúdo produzido no Brasil. 

Opinião por Celso Ming

Comentarista de Economia

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