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Obama consegue acordo no Congresso

Partidos aceitaram prorrogar benefícios fiscais para empresas e trabalhadores

Por Denise Chrispim Marin , CORRESPONDENTE e WASHINGTON
Atualização:

Depois de uma semana de impasse, o Congresso dos Estados Unidos concordou ontem com a prorrogação de benefícios fiscais para empresas e trabalhadores e do auxílio aos desempregados por dois meses. No período, líderes dos Partidos Democrata e Republicano vão negociar os termos da extensão dessas medidas para o restante de 2012, ano de eleições presidenciais no país. O acordo de ontem refletiu o fracasso dos republicanos, dominados pelos extremistas do Tea Party, na última queda de braço com a Casa Branca deste ano. O impasse se manteve até as 17 horas, quando o presidente da Câmara dos Deputados, o republicano John Boehner, convocou uma conferência por telefone com líderes dos dois partidos nas duas Casas do Congresso. Meia hora depois, surgiu diante da imprensa para anunciar ter alcançado um acerto com o democrata Harry Reid, presidente do Senado. "Nós vamos pedir à Câmara e ao Senado para aprovar este acordo por unanimidade antes do Natal", afirmou.Boehner sublinhou o fato de o acordo trazer "uma nova linguagem", supostamente para não prejudicar pequenas e médias empresas, e envolver a retomada da construção do oleoduto Keystone XL, suspensa por Obama porque seu trajeto passaria por um importante aquífero para o Centro-Oeste americano. A Casa Branca não se pronunciou ontem sobre essa questão delicada. O presidente dos EUA, Barack Obama, preferiu apenas fazer um comunicado, por escrito, sobre sua satisfação com o acordo. "Essas são boas notícias, a tempo para as festas de fim de ano. Essa é a coisa certa a fazer para fortalecer nossas famílias, crescer nossa economia e criar empregos. Esse é um dinheiro a fazer diferença de verdade na vida das pessoas", disse Obama.Horas antes, descorçoado pelo impasse a menos de um dia do Natal, Obama havia lavado as mãos e atirado sobre os republicanos da Câmara a culpa por 160 milhões de trabalhadores estarem sujeitos a uma maior tributação em 2012. Em declaração à imprensa, Obama dissera ter feito tudo para convencer a Câmara aprovar o projeto já avalizado pelo Senado, no sábado passado, com base em acerto entre as bancadas dos dois partidos naquela Casa do Congresso."Agora chega. As pessoas não podem tolerar mais esses jogos. Elas não podem perder US$ 1.000 por causa de um ridículo impasse em Washington", declarou Obama. "A Câmara precisa aprovar o compromisso de curto prazo e, então, nós devemos negociar um acordo o mais rápido possível para estender os benefícios pelo restante de 2012."Com o recuo da Câmara, que havia rejeitado nessa semana o acordo do Senado, serão prorrogados a redução da alíquota da contribuição patronal e de trabalhadores e o seguro-desemprego. A vigência desses benefícios termina em 31 de dezembro. Nos próximos dois meses, os líderes dois dois partidos na Câmara e no Senado vão negociar a extensão dessas medidas até o final do ano. Originariamente, a prorrogação por um ano estava no pacote de incentivos fiscais à economia enviado em setembro ao Congresso por Obama. O fim dos benefícios teria impacto inevitável sobre o crescimento econômico ainda fraco e sobre a taxa de desemprego, de 8,6% em novembro. Ontem, o governo americano divulgou ter havido expansão de apenas 1,8% na atividade no terceiro trimestre - não mais de 2%, como no cálculo preliminar. A alíquota do imposto sobre empresas e trabalhadores aumentará de 4,2% para 6,2%, a partir de 1o de janeiro. Para cada americano empregado e com renda anual superior a US$ 50 mil, essa elevação significaria uma despesa adicional de US$ 1.000 ao ano.O recuo republicano deveu-se a pressões de eleitores furiosos e de líderes do próprio partido. Em um movimento inesperado, o líder republicano no Senado, Mitch McConnell, apelou aos colegas da Câmara para aprovar a prorrogação dos benefícios por dois meses e chamou a atenção, indiretamente, para a insana posição de seus correligionários.

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