Publicidade

Obama defende pacote e alerta sobre recessão

Por CAREN BOHAN E ANDY SULLIVAN
Atualização:

O presidente-eleito dos EUA, Barack Obama, alertou na quinta-feira que a economia dos EUA pode passar anos em recessão se não houver uma ação incisiva. Por isso, aconselhou os parlamentares a trabalharem noite e dia para aprovarem um plano de estímulo econômico. Obama, que assume o cargo em 20 de janeiro, prometeu um novo rumo para a economia, incluindo regras mais rígidas para o sistema financeiro. Mas deu poucos detalhes sobre o pacote de estímulo que certamente terá um enorme custo para o contribuinte. "Não acredito que seja tarde demais para mudar de rumo, mas será se não tomarmos uma ação dramática assim que possível", disse Obama em discurso na Universidade George Mason, em Fairfax, na Virginia. "Se nada for feito, esta recessão pode se prolongar durante anos. A taxa de desemprego poderia atingir os dois dígitos", afirmou. Obama espera aprovar até meados de fevereiro um pacote de obras públicas e reduções fiscais que poderia custar quase 800 bilhões de dólares. O futuro presidente e seus assessores negociam intensamente com o Congresso, mas muitos parlamentares temem o agravamento do déficit público. No discurso, Obama voltou a citar uma isenção fiscal de 1.000 dólares por ano para famílias de classe média como um dos elementos do pacote. DÉFICIT RECORDE Pouco antes do discurso de Obama, a presidente da Câmara, Nancy Pelosi (democrata) disse haver forte apoio da opinião pública ao pacote. Mas as previsões sombrias para o déficit orçamentário geram nervosismo no Capitólio sobre o tamanho do plano. Um relatório de quarta-feira do Escritório de Orçamento do Congresso estima que o déficit para o atual ano fiscal deve triplicar, atingindo 1,2 trilhão de dólares, mesmo sem levar em conta o custo do futuro pacote de estímulo. A cifra equivale a 8,3 por cento do PIB norte-americano, superando amplamente o recorde anterior do pós-Guerra, que foi um déficit de 6 por cento do PIB, registrado em 1983. Além do pacote fiscal, Obama defendeu outras medidas para reforçar a confiança no sistema financeiro e liberar o mercado de crédito. Ele prometeu reformar rapidamente o marco regulatório de Wall Street e reprimir os "malfeitores" que encontram brechas regulatórias, numa aparente referência ao escândalo de 50 bilhões de dólares envolvendo o financista Bernard Madoff. Obama disse que seu novo governo usará "todo o arsenal de ferramentas para que o crédito flua novamente" e defendeu mais esforços para evitar despejos de mutuários inadimplentes.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.