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Obama faz discurso de esperança no Congresso dos EUA

‘Vivemos tempos difíceis, mas vamos nos reconstruir’, disse o presidente

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Por Redação
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Presidente Obama durante o pronunciamento no Congresso. Foto: Pablo Monsivais/AP  Em sua primeira aparição diante do Congresso desde que assumiu o cargo, em 20 de janeiro, o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, procurou passar uma mensagem de otimismo e esperança aos cidadãos norte-americanos. Ele assegurou que o dinheiro em bancos estão seguros e pediu leis mais fortes para controlar a especulação e o sistema financeiro dos Estados Unidos. Veja também: As medidas do emprego De olho nos sintomas da crise econômica  Dicionário da crise  Lições de 29 Como o mundo reage à crise   Obama foi aplaudido de pé pelos deputados e senadores por mais de dez minutos. "Nossa economia está debilitada e nossa confiança, abalada", afirmou. "Vivemos tempos difíceis e inseguros, mas, nesta noite, quero que todos os americanos saibam o seguinte: vamos nos reconstruir, vamos nos restabelecer. Os Estados Unidos sairão mais fortalecidos." "Não é ajuda a bancos, é ajuda às pessoas", assegurou ele ao justificar a ajuda aos bancos. "Não gastaremos um centavo para ajudar investidores de Wall Street se isto não tiver a intenção de salvar a economia e ajudar os pequenos proprietários de negócios", afirmou. Ele classificou o crédito como "vital" para a economia, e afirmou que se os bancos não voltarem a emprestar dinheiro no curto prazo, o fim da crise estará longe. Ele prometeu um fundo estatal para conceder empréstimos para pagamento de dívidas de estudos ou de automóveis. O governo deve garantir também que os maiores bancos tenham liquidez para emprestar dinheiro em tempos difíceis. A respeito das contas públicas, Obama prometeu contas atualizadas e disponíveis pela internet a todos os cidadãos. "O governo não vai mais esconder o preço das guerras". Em seu pronunciamento, iniciado às 21h20 locais (23h20 de Brasília), Obama disse que "o que é preciso agora é que este país se una, que enfrentemos com ousadia os desafios que encaramos e sejamos responsáveis por nosso futuro mais uma vez". Pacote de ajuda Obama culpou sua situação econômica que herdada, com "um déficit de US$ 1 trilhão, uma crise financeira e uma recessão muito cara". Entretanto, ponderou que a responsabilidade da crise foi "de todos", segundo ele. "Nossa economia não entrou em queda da noite para o dia, nem todos os nossos problemas começaram quando o mercado imobiliário quebrou ou a Bolsa de Valores afundou. Nós os regulamos para gastar mais dinheiro e acumular mais dívida, como indivíduos ou como Governo, como nunca antes". O presidente prometeu que as medidas que começou a iniciar surtirão efeito. Entre elas, mencionou o plano de estímulo econômico avaliado em US$ 787 bilhões e o plano de resgate financeiro, assim como sua iniciativa para ajudar os proprietários de imóveis. Ele também pediu ao Congresso que lhe apresente em breve propostas para elaborar a reforma do sistema regulador. Na quinta-feira, ele apresentará seu primeiro projeto de orçamento, que, segundo ele, "refletirá a dura realidade" econômica atual e disse que os legisladores, tanto republicanos quanto democratas, e ele mesmo, terão que "sacrificar algumas prioridades muito meritórias para as quais não há dinheiro". Obama prometeu cortar pela metade o déficit fiscal, de US$ 1,3 milhão, em quatro anos. Para isso, disse que cortará em contratos sem licitação pública na Guerra do Iraque ou os investimentos em projetos de Defesa que "se arrastam desde a Guerra Fria". Assim, afirmou: "Já identificamos US$ 2 trilhões em economias ao longo da próxima década", afirmou. Diante da prioridade econômica, a política externa mal coube no início do discurso. O presidente afirmou que apresentará em breve uma proposta para acabar a Guerra do Iraque "de maneira responsável". "Com palavras e atos, estamos mostrando ao mundo que começou uma nova era", afirmou o presidente americano. A economia concentrou a maior parte do discurso e ele matizou sua mensagem sobre a complicada situação econômica com uma nota de otimismo, ao afirmar que "reconstruiremos, nos recuperaremos e os Estados Unidos sairão mais fortes do que antes". Esta foi sua primeira aparição diante do Congresso desde que assumiu o cargo, em 20 de janeiro. Ele foi aplaudido de pé por mais de dez minutos pelos deputados e senadores norte-americanos e cumprimentou os parlamentares um a um. O tradicional pronunciamento é usado para que o chefe do Executivo apresente aos congressistas suas principais propostas para o ano que se inicia. Crise financeira Os EUA vivem a mais grave crise econômica desde o pós-guerra e financeira desde a Grande Depressão dos anos 30. A administração Obama anunciou recentemente três planos para tentar tirar o país dessa situação. O primeiro, de quase US$ 800 bilhões, será voltado para a economia "real" e prevê forte investimento público. O segundo, que pode chegar a US$ 2 trilhões, tem como objetivo resgatar o sistema financeiro. O terceiro, com orçamento de US$ 75 bilhões, será destinado a mutuários com dificuldades em honrar suas hipotecas. O plano para o setor financeiro ainda não convenceu analistas e investidores. Muitos especialistas, como o prêmio Nobel Paul Krugman, acreditam que o governo americano não terá outra saída senão estatizar temporariamente as instituições com problemas, entre elas o Bank of America (BofA) e o Citigroup, os dois maiores do país. Até agora, porém, Obama e outras autoridades têm negado veementemente essa hipótese, o que, para alguns, só atrasará a recuperação da economia. Nesta terça, o presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA), Ben Bernanke, reconheceu que o país só começará a se recuperar quando o setor bancário deixar de ser um problema.

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