Um dos projetos da Petrobrás com suspeita de superfaturamento, o Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj) registrou ontem a demissão de 236 trabalhadores ligados ao consórcio construtor, formado por empresas investigadas pela operação Lava Jato. Segundo o sindicato de trabalhadores de Itaboraí, onde o complexo está localizado, na região metropolitana do Rio, parte dos canteiros também ficou fechada em função da crise que abate construtoras e fornecedoras da estatal.
Os trabalhadores demitidos eram do consórcio CPPR, responsável pelas obras civis. O consórcio é formado por Odebrecht, Mendes Júnior e UTC, citadas nas investigações da Polícia Federal. O consórcio foi contratado para a construção de interligações entre as unidades de refino do primeiro trem do Comperj. No pico das obras, cerca de 2,5 mil trabalhadores atuaram no projeto. Procurado, o consórcio não se pronunciou sobre os desligamentos.
A Petrobrás confirmou as demissões. Segundo a estatal, o consórcio "iniciou um processo de desmobilização regular de sua mão de obra, prevista no seu planejamento, em função da conclusão de diversas atividades do contrato".
Hoje, o projeto desenvolvido pelo consórcio está com 92% de avanço físico, segundo a petroleira. A estatal informou ainda que "não foram identificados impactos no cronograma da obra". O Comperj está orçado em US$ 13,5 bilhões.
Segundo o Sindicato dos Trabalhadores em Empresas de Montagem e Manutenção de Itaboraí (Sintramon), outra parte do canteiro de obras do Comperj fechou ontem. O canteiro seria da empresa Alumini, que vem alegando falta de repasses da Petrobrás e demitiu 490 pessoas desde novembro. Segundo a estatal, o contrato no Comperj ainda está vigente com a Alumini. Na Refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco, a mesma empresa abandonou em outubro as obras e demitiu mais de 4 mil funcionários.