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OCDE aponta forte desaceleração para China, Índia e Rússia

Brasil é o único país emergente com previsão de "leve desaceleração", porque demanda interna continua forte

Por Daniela Milanese , da Agência Estado e com BBC Brasil
Atualização:

A China, Índia e Rússia entraram em um processo de forte desaceleração. O cenário foi apontado pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), que calcula o índice de indicadores antecedentes de atividade econômica. Em outubro, segundo a OCDE, este índice ficou abaixo de 100 para os três países, o que configura forte desaceleração. Uma desaceleração mais expressiva dos países emergentes, considerados o motor da economia global, é vista como um fator relevante de risco para a crise atual. Até então, somente os países desenvolvidos apareciam com um nível mais forte de retração da economia. Veja também: EUA realizam o maior corte de vagas de trabalho desde 1974 Desemprego, a terceira fase da crise financeira global Entenda a disparada do dólar e seus efeitos Dicionário da crise  Lições de 29 Como o mundo reage à crise    O maior impacto foi sentido pela Rússia, cujo índice ficou em 92,4, uma queda de quatro pontos em relação a setembro. No caso da China, o recuo foi de 1,7 ponto, para 93,4. A Índia perdeu 1,1 ponto, para 94,8. Na comparação anual, esses países apresentam retrações ainda mais fortes - de 10,5 pontos na Rússia, sete pontos na China e 6,6 pontos na Rússia. "O índice de indicadores antecedentes de outubro continua apontando para uma perspectiva mais fraca para todas as sete maiores economias do mundo, mas na comparação com o mês anterior o panorama se deteriorou significativamente nas principais economias que não fazem parte da OCDE", diz o relatório. "China, Índia e Rússia agora estão enfrentando forte desaceleração." De acordo com a OCDE, o Brasil é o único país emergente com previsão de "leve desaceleração". Para o economista brasileiro Marcos Poplawski Ribeiro, professor de finanças internacionais do Instituto de Estudos Políticos de Paris e pesquisador do Centro de Estudos, Perspectivas e Informações Internacionais (Cepii, na sigla em francês), o cenário econômico mais otimista em relação ao Brasil pode ser explicado pelo fato de que a demanda interna continua forte no País. "A diminuição do crédito no Brasil já acontece, mas ela ainda não é tão forte como nos outros países. Por enquanto, os consumidores brasileiros continuam comprando, o que estimula a atividade econômica", disse Ribeiro à BBC Brasil. A questão, segundo ele, é saber quanto tempo o consumo interno poderá continuar aquecido. "Os dados atuais de fuga de capital externo do Brasil devem levar a uma diminuição mais acentuada do crédito, o que causará a redução da demanda". Segundo ele, a diminuição do crédito, a redução das exportações brasileiras e a queda nos preços das commodities devem começar a ter impacto no crescimento econômico do Brasil somente a partir da metade do próximo ano. Petróleo Ontem, o Merrill Lynch apontou que, caso a China desacelere mais rapidamente, o barril do petróleo pode chegar a US$ 25,00. A commodity, aliás, tem refletido com maior força a perspectiva de redução da atividade global. Protagonista da extrema oscilação da crise, o petróleo chegou a encostar em US$ 150,00 em meados deste ano para desabar para abaixo de US$ 50,00. Nesta sexta-feira, o barril caiu para US$ 42,84, nível mais baixo desde janeiro de 2005. Nos últimos anos, as matérias-primas viveram um boom expressivo, chamado de super ciclo, estimuladas principalmente pela demanda crescente dos países emergentes. Conforme o relatório da OCDE, essas três nações em desenvolvimento agora entram na mesma categoria de forte desaceleração registrada pelas desenvolvidas. As economias dos países da OCDE registraram retração de 1 ponto em outubro, em relação ao mês anterior, para 95. A zona do euro teve queda de 0,9 ponto, para 95,3. O conjunto das sete maiores (Canadá, França, Japão, Alemanha, Itália, Reino Unido e EUA) marcou 94,8, baixa de 1,1 ponto.

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