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OCDE considera Brasil um país-membro, diz secretário-geral

Organização indicou que País viverá recessão inclusive em 2017; relatório foi alvo de críticas do chanceler José Serra, mas secretário-geral evitou polêmica

Por Andrei Netto e CORRESPONDENTE
Atualização:
'A OCDE não afirma coisa nenhuma. Eles estão especulando. Isso é bobagem', disse Serra Foto: Wilton Junior/Estadão

PARIS - O secretário-geral da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE), Angel Gurria, afirmou nessa quinta-feira, 2, em Paris, que considera o Brasil um país-membro, mesmo que não faça parte das 35 nações que integram o think tank. A declaração foi feita no dia em que a adesão da Letônia foi formalizada e um dia depois das críticas feitas pelo ministro das Relações Exteriores, José Serra, sobre o conteúdo do relatório sobre a conjuntura econômica do Brasil.

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Na quarta-feira, a OCDE divulgou seu estudo de Perspectivas Econômicas, no qualprojetou que o crescimento global médio será de 3,3% em 2017. O documento aponta que os Estados Unidos registrarão crescimento de 1,9% neste ano e de 2,1% no próximo, enquanto a zona do euro registrará 1,7% e 1,8%, respectivamente. No Japão a situação permanece instável, oscilando de 1,5% neste ano para -0,3% no próximo.

Um dos destaques do relatório é o mau desempenho previsto para a economia brasileira, que segundo a organização deve decrescer 4,3% em 2016 e recuar 1,7% em 2017, completando o terceiro ano consecutivo de recessão, após os 3,9% estimados pela entidade para 2015. A recessão prevista para o ano que vem coloca o Brasil como o único dentre 44 países estudados a registrar uma retração do PIB. 

A entidade atribui a recessão à crise política persistente - e que segundo ela continuarão a trazer instabilidade ao País - e aos escândalos de corrupção que minam a confiança de consumidores e investidores.

Diante das críticas, Serra apresentou a Gurria um documento de uma página e meia intitulado "Observações sobre os comentários da OCDE sobre a economia brasileira" no qual afirma que analistas "já estão prevendo um crescimento de cerca de 2% no próximo ano". À imprensa brasileira, o chanceler criticou duramente o estudo da organização. "A OCDE não afirma coisa nenhuma. Eles estão especulando. Isso é bobagem. Eles estão especulando com relação a umas poucas informações de que dispõem".

Nessa quinta, Gurria colocou panos quentes na polêmica. Questionado se é normal receber um documento de contestação às análises da OCDE, o secretário-geral elogiou o país. "Nós recebemos com muito interesse os comentários e é certo que nossos técnicos e experts vão incorporá-los nas nossas futuras avaliações", afirmou. "O Brasil é um país sobre o qual nós estamos permanentemente avaliando. Nós o consideramos em todas as estatísticas e todas as cifras e análises como um país da OCDE e por isso os dados do país são bem-vindos e vamos incorporá-los."