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OCDE mantém confiança no Brasil

Por Agencia Estado
Atualização:

A economia brasileira, apesar da atual turbulência provocada pela sucessão presidencial, não corre maiores riscos e segue rumo a uma retomada de crescimento, que deverá ser de 2,5% neste ano e 3% em 2003. Esta é a opinião da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). Em entrevista à Agência Estado, o economista chefe para o Brasil da OCDE, Joaquim Oliveira, disse que a volatilidade do mercado financeiro no período pré-eleitoral já era um fator previsto. "O nervosismo do mercado é fruto de uma preocupação normal em períodos que antecedem eleições, que aliás acontece em todo o mundo, não apenas no Brasil", disse Oliveira. "Acho que é um fenômeno temporário pois o país resistiu muito bem aos efeitos da crise argentina e o importante é que os fundamentos da economia brasileira, principalmente o aspecto fiscal e o ajuste externo, continuam apontando numa boa direção". Ele observou que o atraso na aprovação da prorrogação da CPMF teve um impacto fiscal negativo, mas que não compromete as contas do governo federal. Oliveira salientou que o perfil da dívida pública brasileira continua sendo "um dos elementos de fragilidade do país". Mas, segundo ele, "o governo tem administrado bem a dívida e realizou um grande esforço para aumentar a sua maturidade". O economista disse que pelo fato de boa parte da dívida pública estar atrelada ao dólar, o sistema câmbio flutuante abre espaço para flutuações que aumentam a sua proporção em relação ao PIB. "Vimos no ano passado o real atingir 2,7 ou mais, depois ele caiu e agora ele sofreu uma nova desvalorização", disse Oliveira. "Essas flutuações vão continuar, ainda mais nesse período de volatilidade, mas não vemos neste momento uma grande ameaça nisso". Segundo ele, o que é importante para a dívida pública brasileira é que o governo mantenha os seus objetivos de superávit primário. "E nesse aspecto, não vemos sinais de alarme". Segundo Oliveira, a demora para uma solução da crise argentina está tendo um efeito psicológico nos mercados, com um impacto negativo no Brasil. "Mas há também o aspecto positivo que deveria ser levado em consideração: diante de uma crise tão aguda e prolongada no seu vizinho, o Brasil não foi contagiado até agora." Trajetória positiva O economista da OCDE evitou comentar sobre os principais candidatos à Presidência da República. Mas frisou que não acredita numa mudança dramática na condução da política econômica do País. "As numerosas medidas econômicas dos últimos anos criaram uma massa crítica que colocaram o Brasil numa trajetória positiva e não creio que ninguém irá desejar alterar isso."

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