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Oferta de crédito continua emperrada

Em julho, o saldo de empréstimos bancários atingiu 51,4% do Produto Interno Bruto (PIB), 0,5 ponto porcentual menos do que em junho e 3,1 pontos porcentuais menos do que em dezembro

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Por Redação
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Em julho, o saldo de empréstimos bancários atingiu 51,4% do Produto Interno Bruto (PIB), 0,5 ponto porcentual menos do que em junho e 3,1 pontos porcentuais menos do que em dezembro. Como o PIB real registrou recuo no primeiro semestre, o que se constata é que a oferta de empréstimos caiu mais depressa do que o PIB, chegando agora a níveis extremamente baixos. Segundo a nota de política monetária e crédito do Banco Central (BC), o crédito total do sistema financeiro declinou 0,4% entre junho e julho, de R$ 3,129 trilhões para R$ 3,115 trilhões. Na mesma base de comparação, as concessões de crédito diminuíram 17,9% para as pessoas jurídicas (de R$ 135 bilhões para R$ 110,8 bilhões) e 5,6% para as pessoas físicas (de R$ 163,2 bilhões para R$ 154,1 bilhões). Em termos reais, houve queda da ordem de quase 15% nos novos empréstimos a pessoas físicas, na comparação com o mesmo mês de 2015. Mesmo segmentos que mais vinham contribuindo para o patamar do crédito estão em declínio, caso do crédito imobiliário para as empresas, que caiu nos primeiros sete meses do ano, e para as pessoas físicas, que evoluiu abaixo da inflação no mesmo período. A paralisia do crédito levou o Banco Central a rever para baixo a estimativa de crescimento de 1% neste ano. Além disso, os sinais emitidos pelo crédito são muito ruins, pois nem com a baixa demanda de empréstimos por bons tomadores há competição e queda dos juros cobrados pelos bancos. Estes juros, ao contrário, aumentaram em média 1,4 ponto porcentual desde janeiro para empresas e 4,1 pontos porcentuais para pessoas físicas, atingindo, respectivamente, 22,1% e 42% ao ano. Os spreads (diferença entre o custo de captação e o custo de aplicação) avançaram ainda mais rapidamente, atingindo 59,2 pontos porcentuais nas operações de crédito livre com as pessoas físicas. Em linhas de custo mais alto, chegou a haver irrisória baixa de juros, de 471,5% ao ano em maio para 470,7% ao ano em julho, nas operações parceladas do cartão de crédito. Em contraste com os juros altos, a inadimplência apresentou apenas uma leve aceleração, o que se explica, segundo o BC, por renegociações de contratos, que cresceram 20,2% entre julho de 2015 e julho de 2016, no caso de pessoas jurídicas. O crédito é essencial para a atividade econômica. Mas sua evolução deixa dúvidas sobre seu papel na retomada que se espera.

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