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OMC pede reunião em junho para salvar Rodada de Doha

A organização pede que os 150 países se encontrem para chegar a um consenso sobre as tarifas de produtos agrícolas a industriais

Por Agencia Estado
Atualização:

O diretor-geral da Organização Mundial do Comércio (OMC), Pascal Lamy, recomendou nesta terça-feira aos 150 países do organismo que se reúnam na última semana de junho em Genebra, se quiserem concluir a tempo e com sucesso as negociações da Rodada do Desenvolvimento de Doha. O encontro seria uma forma de acertar as fórmulas para cortar os subsídios e as tarifas de produtos agrícolas e industriais. "O calendário que temos pela frente é mais uma questão de dias do que de semanas", disse o diretor-geral da OMC aos embaixadores, durante uma reunião informal na qual lhes lembrou a urgência da situação se a intenção for concluir no tempo previsto, no final de 2006, as negociações. As divergências entre os membros da OMC impediram, no dia 30 de abril, que os países chegassem a fórmulas para aprofundar a liberalização do comércio dos produtos agrícolas e industriais mediante reduções de tarifas, entre outros. A reunião prevista por Lamy para a última semana de junho será exclusivamente sobre esses dois aspectos da negociação, enquanto os referidos aos serviços e à facilitação o comércio, entre outros, serão deixados para outro encontro similar já marcado para 31 de julho, disseram as fontes. "Se as modalidades forem deixadas para o final de julho não nos restará tempo", alertou. Conclusão dos acordos Os negociadores consideram que, para terminar em dezembro de 2006 a Rodada de Doha, lançada há quase cinco anos, todos os acordos sobre os assuntos em questão têm que estar concluídos em 31 de julho. "As modalidades para agricultura e acesso a mercados para bens industriais (Nama) podem ser conseguidas se houver trabalho com ambição" por parte de todos os países membros da OMC, afirmou Lamy, que lembrou que alcançar esse objetivo "não significa que já se esteja no final do caminho". Além disso, reconheceu que "o processo está se movimentando, mas de forma muito lenta", e lembrou a todos que "seria muito perigoso" não alcançar essas metas nos prazos previstos. Fracasso Após o fracasso de abril, os presidentes dos comitês negociadores da Agricultura e de Bens Industriais, os embaixadores da Nova Zelândia, Crawford Falconer, e do Canadá, Don Stephenson, traçaram um processo intensivo de negociações em Genebra com diversas reuniões formais e informais. Seus resultados deverão ser incluídos em um documento que pode ser divulgado a partir de 19 de junho, indicaram as fontes, que destacaram ainda que "a quantidade de parênteses que esse texto vier a ter dependerá da vontade dos países". Segundo essa agenda, os governos analisariam esse documento de 19 a 26 de junho para que, quando os ministros ou responsáveis de Comércio se reunirem em Genebra, a partir dessa última data, "possam começar a pôr os números". "Há muitos ministros que desejam participar do processo, mas por enquanto os trabalhos se desenvolvem a um nível técnico e não político", assinalaram as fontes. Impulso Com essas propostas, o diretor-geral da OMC tenta dar um novo impulso a uma negociação que avança devagar e encontra seus principais obstáculos no aspecto agrícola - principalmente nos chamados três pilares desse setor: ajudas internas, subsídios à exportação e acesso a mercados. A sugestão lançada por Lamy conduz a um processo similar ao que levou à retomada das negociações no final de julho de 2004, após o fracasso da ministerial de Cancún, no México, um ano antes. Um eventual segundo fracasso na obtenção de um acordo sobre os cortes tarifários e de subsídios que permitirão uma maior liberalização dos setores agrícola e industrial deixaria a Rodada de Doha em uma situação muito difícil. Até o momento, e após a última reunião informal de alguns dos principais membros da OMC em Paris na semana passada, as posições continuam sendo extremamente distantes. Os países em desenvolvimento pedem à União Européia (UE) uma maior abertura de seus mercados agrícolas e aos EUA um maior corte nos subsídios concedidos a seus agricultores. No entanto, Bruxelas e Washington dizem que só avançarão em suas propostas se o Brasil e a Índia, duas das grandes economias emergentes, abrirem mais seus mercados de bens industriais.

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