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OMC pode retomar em breve esforços sobre Rodada Doha

Segundo fonte, Organização pode colocar negociadores para avaliar a questão pela qual o processo travou

Por JONATHAN LYNN
Atualização:

O sentimento generalizado de desânimo gerado pelo fracasso, nesta semana, das negociações sobre o comércio global pode fazer com que a Organização Mundial do Comércio (OMC) tente em breve superar o impasse, afirmou nesta quinta-feira, 31, uma fonte familiarizada com o assunto. O esforço envolveria colocar os especialistas e negociadores da OMC para avaliar a questão em torno da qual o processo travou - uma proposta técnica mas importante para ajudar os agricultores dos países pobres a suportarem o influxo de produtos importados, disse a fonte. Quando as negociações para fazer avançar a Rodada de Doha da OMC ruíram na terça-feira, em seu nono dia de reunião, os principais envolvidos disseram que agora vários anos se passariam até a assinatura de um eventual acordo. O diretor-geral da OMC, Pascal Lamy, afirmou que muitos países haviam pedido que o pacote negociado até agora fosse preservado a fim de que seja completada a Rodada de Doha, já em seu sétimo ano. "Isso fez com que minhas dúvidas se dissipassem: olhando para o que está sobre a mesa neste momento, os membros desta organização acreditam que vale a pena lutar pela Rodada de Doha. Ninguém vai desistir", disse Lamy a delegados da OMC. Keith Rockwell, porta-voz da entidade, descartou a possibilidade de serem retomadas as reuniões de nível ministerial em setembro, observando que a OMC paralisa suas atividades quase por completo em agosto, no verão, de forma que quase não há como realizar trabalhos preparatórios. Mas a fonte afirmou que os esforços realizados por autoridades e especialistas poderiam ser retomados logo depois disso. Lamy deve visitar a Índia em agosto, o que poderia lhe oferecer uma chance de testar o terreno. Frustração A incredulidade com o fato de a rodada ter fracassado devido a um "mecanismo especial de salvaguarda" misturou-se na terça-feira com um sentimento de frustração devido à previsão de que os acertos realizados em tantas outras áreas seriam agora deixados de lado. Mesmo os EUA e a Índia, os dois países que não conseguiram chegar a um acordo a respeito do alcance das salvaguardas, lamentaram o fato de que os avanços serão desperdiçados. "Os grandes que fizeram isso não estão completamente satisfeitos com a situação", disse a fonte do setor comercial. O ministro indiano do Comércio, Kamal Nath, repetiu na quinta-feira sua disposição de retomar as negociações assim que os parceiros de seu país estiverem prontos. As negociações desta semana em torno das salvaguardas, uma questão cuja capacidade de bombardear todo o processo ninguém havia antecipado, concentraram-se nos números envolvidos e não nos princípios por detrás do mecanismo. As salvaguardas integram o mandato da Rodada de Doha, de forma que, se o processo chegar algum dia a um acordo, esse ponto terá de ser abordado. Mas há opiniões divergentes a respeito da forma de funcionamento dele. Alguns vêem nele um instrumento para enfrentar situações emergenciais - uma invasão de produtos importados que poderia privar os agricultores de seu meio de subsistência. Outros o consideram como um instrumento para regular os mercados no momento em que esses estão sendo abertos às importações, servindo para proteger os agricultores dos impactos da competitividade.

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