Publicidade

ONDE TINHA BOI, AGORA TEM SOJA

Foto do author Redação
Por Redação
Atualização:

A cidade da vaca louca já trocou o boi pela soja. A área urbana de Sertanópolis está imersa em um mar de lavouras verdes. Enquanto as culturas da oleaginosa avançam cidade adentro, ocupando o espaço das calçadas e cobrindo quadras inteiras sem construção, não se avista uma única cabeça de gado nas cercanias. Dados do sindicato rural mostram que menos de 10% dos 640 estabelecimentos rurais se dedicam à criação de gado. O rebanho no município é de 12 mil cabeças - era o dobro na década de 90 - e representa 20% do gado existente na região de Londrina. As áreas cultivadas com soja ocupam 26 mil hectares, enquanto outros 16 mil estão com milho. O matadouro municipal abate 30 cabeças por semana, insuficientes para abastecer o consumo local, segundo Elvis, o magarefe. "O boi vem cada vez de mais longe." A falta de animais para abate leva casas de carne a trazerem o produto de outras cidades. "A nossa vem de Cornélio Procópio", diz o açougueiro Luiz Felipe Santa Rosa, de 18 anos, do supermercado Peg Pag. Os "boatos" sobre a vaca louca não afetaram as vendas, garante o açougueiro Amaury Paglia, da Mercearia Gilmar. "O consumo até aumentou e o pessoal procura mais carne para churrasco, como a costela e a ponta de alcatra."Alerta. A Agência de Defesa Agropecuária do Paraná (Adapar), embora considere que as medidas de proteção do gado não precisam ser mudadas, pediu alerta total na região de Sertanópolis, que se tornou alvo de atenção de organismos internacionais. Agentes do sistema de defesa agropecuária mantiveram seguidas reuniões nos últimos dias. A ampliação no embargo à carne brasileira por países importadores preocupa até produtores de aves. "Isso pode ser um desastre para o produtor de frango, que tem o preço atrelado ao boi", inquieta-se o avicultor Eduardo Vigo, com plantel de 100 mil aves. Ele teme que se repita a crise causada pelos surtos de febre aftosa, em 2005, no Paraná e Mato Grosso do Sul. "O frango, que não tinha nada a ver, também pagou a conta."

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.