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ONS aponta que medidas emergenciais reduziram risco de falta de energia, mas situação ainda preocupa

Operador Nacional de Energia Elétrica diz que as chances de desabastecimento até o fim do ano são menores, mas ainda é preciso manter as ações para lidar com a crise hídrica

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Por Marlla Sabino
Atualização:

BRASÍLIA - Apesar da grave escassez de água nos reservatórios das hidrelétricas, o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) indicou perspectiva mais otimista para o suprimento de energia nos próximos meses. De acordo com o órgão, medidas adotadas pelo governo para enfrentamento da crise hídrica, como o acionamento de térmicas que estavam paradas, reduziram as chances de falta de energia nos meses de outubro, novembro e dezembro. Mesmo assim, o órgão ressaltou a necessidade de manter a atenção e o monitoramento constante da situação para garantir a segurança no suprimento no País.

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Segundo projeções do ONS, o uso da “reserva operativa” do sistema, ou seja, usinas que ficam acionadas, mas sem injetar energia na rede, só será necessário em alguns momentos neste mês. A necessidade de adotar essa medida é ainda menor para os meses de novembro e dezembro. 

Em outras palavras, os riscos de desabastecimento são menores, já que essa “sobra” de potência de geração de energia é o que garante o controle em casos de desequilíbrios no sistema. Nos últimos meses, essa parcela de energia foi usada para atender a demanda, o que aumentava os riscos na operação. 

“Esta possibilidade reduz significativamente a partir do aumento das disponibilidades energéticas advindas das ações excepcionais em curso. Dessa maneira, o ONS já estruturou o procedimento a ser adotado para o permanente monitoramento das condições de reserva operativa e atendimento à demanda máxima do Sistema Interligado Nacional (SIN)”, informou em nota o Ministério de Minas e Energia

Segundo o ONS,será necessário acionar a reserva operativa em alguns momentos este mês Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil

As perspectivas foram apresentadas em reunião do Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE) realizada nesta terça-feira, 5. O colegiado é presidido pelo ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque.

Desde o ano passado, o governo autorizou a importação de energia de países vizinhos e o uso de mais usinas termelétricas, que geram energia mais cara e, consequentemente, pressionam as contas de luz e a inflação. 

O agravamento da crise hídrica, no entanto, exigiu medidas urgentes para evitar apagões e até mesmo um racionamento. O governo lançou programas para redução voluntária do consumo de energia voltados para indústrias e consumidores residenciais.

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Há também um esforço para adiantar obras de transmissão e geração e acionar todas as usinas possíveis, até mesmo as mais caras. É o caso da térmica William Arjona, em Campo Grande, que retomou a operação após anos parada.

O ex-diretor da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), Edvaldo Santana, explica que, em situações consideradas normais de operação do sistema, algo entre 5% e 8% da capacidade instalada das usinas hidrelétricas serve como reserva operativa. Essa parcela da produção fica disponível para serem acionadas imediatamente, caso seja necessário.

“É um dos itens mais relevantes para dar segurança e confiabilidade. Desde julho, a maior parte dessa reserva operativa passou a ser utilizada como um gerador ativo. Ou seja, estamos sem parte da reserva, o que aumenta os riscos. O CMSE, na nota, diz que usará menos a reserva operativa”, disse. “Também reduz o risco de apagões motivados pelos baixíssimos níveis dos reservatórios dashidrelétricas”.

A avaliação apresentada ontem ao governo é que, apesar de o País ainda estar no período de seca, já foi observado o início de chuvas, principalmente na região Sul. 

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Além disso, o ONS informou que o cenário meteorológico indica possíveis chuvas no curto prazo, mas manteve a sinalização de que a situação ainda exige atenção e monitoramento permanente. Também foi avaliado que as medidas já em operação, como acionamento de térmicas e importação de energia, são fundamentais para garantir a segurança no fornecimento de energia.

O presidente da PSR, maior consultoria de energia do País, Luiz Barroso, analisa que a situação de suprimento de energia ainda é desconfortável, mas que há uma melhora devido ao sucesso de algumas medidas adotadas pelo governo e aoinício das chuvas no Sul. 

A combinação desses fatores praticamente eliminou os riscos de um racionamento de 2021, na avaliação da PSR. Os riscos de apagão ainda ficam na faixa de 10%, o que Barroso considera ser administrável. Os resultados da análise não consideram os programas voluntários de redução da demanda, que ainda podem ajudar a melhorar o panorama do setor.

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