A ONU reduziu nesta quinta-feira, 15, para 1,8% a previsão para o crescimento econômico do mundo em 2008 por conta da persistente crise financeira dos principais mercados e a drástica alta dos preços de produtos como o petróleo, o que colocou a economia global "à beira de uma grave queda". A afirmação foi feita pelos economistas da ONU na atualização semi-anual do relatório "Situação e Perspectivas para a Economia Mundial 2008", modificando a previsão de janeiro, que era de 3,4%. O relatório atribui a notável revisão ao aprofundamento nos últimos meses da crise dos principais mercados financeiros dos EUA, a perda de valor do dólar frente a outras moedas e o drástico aumento dos preços de produtos como o petróleo e os alimentos. O tamanho dessa queda dependerá dos resultados dos estímulos fiscais e monetários iniciados pelas autoridades americanas, que continua sendo "a primeira locomotiva da economia global" e cujas dificuldades nos mercados imobiliários e financeiros "provocaram" essa desaceleração global, diz o documento. Diante de um cenário incerto, o relatório coloca duas perspectivas de crescimento em sua previsão oficial de 1,8% para 2008. A otimista prevê um crescimento de 2,8% no fechamento de 2008 e 2,9% para 2009; enquanto a pessimista reduz os números para 0,8% e 1,4%, respectivamente. Por regiões, a previsão é de que a economia dos EUA tenha um crescimento negativo de 0,2% em 2008 e no ano seguinte cresça 0,2%. Os países da Europa Ocidental veriam limitado seu crescimento no final do ano para 1,1% e 1,2%, em 2009; enquanto os números para o Japão seriam respectivamente 0,9% e 1,2%. A tendência de alta das economias da América Latina e do Caribe nos últimos três anos sofrerá uma desaceleração em 2008, indo para 3,1% contra 5,7%, de 2007; e reduzirão ainda mais, em 2009, ao crescer apenas 2,6%. Em geral, as chamadas economias de transição experimentarão uma redução de dois pontos em seu crescimento em 2008, o que o levaria para 6,4%, e perderiam mais três décimos em 2009, até chegar aos 6,1%. O relatório também adverte que o forte aumento dos preços dos alimentos e da energia agrava a situação da economia mundial, além de representar uma ameaça humanitária e para a estabilidade social. Essas altas são o "maior fator" na aceleração da inflação global, que o relatório assegura que aumentará para 3,7% e complicará as tentativas de estimular o crescimento.