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Opep garante que guerra não elevará preço do petróleo

Por Agencia Estado
Atualização:

O presidente da Organização dos Países Produtores de Petróleo (Opep), Rilwanu Lukman, garantiu que não haverá alta excessiva de preços, caso os Estados Unidos levem a cabo a ameaça de atacar o Iraque. "O mundo pode ter certeza que o preço não vai aumentar em caso de ataque", disse. Segundo ele, os países-membros do cartel têm capacidade de produção ociosa suficiente para suprir a falta do petróleo iraquiano. Apenas a Nigéria, de onde vem Lukman, tem capacidade de aumentar sua produção em 1 milhão de barris por dia, se necessário. A Arábia Saudita, maior produtor mundial, poderia produzir mais 3 milhões de barris por dia, sem maiores investimentos. "Temos condições de produzir 10 milhões de barris por dia rapidamente. Atualmente, produzimos 7 milhões", afirmou o presidente da estatal saudita Saudi Aramco, Abdallah Jum. A diferença entre a produção e a capacidade instalada saudita, de 3 milhões de barris por dia, é exatamente o volume de produção do Iraque. O presidente da companhia saudita destacou ainda que nem mesmo um bloqueio no estreito de Ormuz impediria o escoamento da produção saudita para os países consumidores. "Poderíamos enviar 5 milhões de barris por dia pelo Mar Vermelho, evitando o Golfo Pérsico", disse. Durante a Guerra do Golfo, no início dos anos 90, os sauditas garantiram a oferta mundial, comprometida pelo envolvimento do Iraque e do Kuwait no conflito. Desta vez, porém, havia o temor de que países árabes relutassem em aumentar a oferta, em retaliação ao apoio norte-americano a Israel. Mas, diante da alta do petróleo - fechou ontem em US$ 27,79 por barril, em Nova York - os membros da Opep reforçam a postura de aumentar a produção, caso necessário. Mas só o estritamente necessário: o ministro de Energia e Minas da Venezuela, Rafael Ramirez, disse que seu país votará contra um aumento da produção na próxima reunião do cartel. Ele disse que a Venezuela, assim como a Arábia, teria condições de elevar sua produção de petróleo, hoje em 2,5 milhões de barris por dia, para até quatro milhões. "Mas esta não deve ser uma decisão unilateral. Todos os membros têm que discutir esta posição". O próprio Lukman esquiva-se quando a pergunta é a posição de seu país para o próximo encontro, marcado para o dia 19. "Não queremos nos precipitar. Não se pode aumentar ou reduzir a produção sem motivos realmente fortes", disse. O presidente da Opep afirmou que os outros grandes produtores mundiais estão sensibilizados com a causa do cartel e não devem aumentar sua produção. "Nosso maior desafio foi convencer os amigos de fora da Opep a trabalhar conosco", disse. De fato, o presidente da norueguesa Norsk Hydro, Egil Myklebust, disse ao Estado que seu país está produzindo o que tem condições de produzir e não há planos de aumento repentino de oferta. "Trabalhamos para ser um ator competitivo no mercado, e não para discutir preços e oferta mundiais", disse. A Noruega é, junto à Rússia, uma das esperanças de abastecimento fora do cartel. Lukman criticou os países europeus por reclamarem do cartel, ao mesmo tempo em que sobretaxam os derivados de petróleo. "Eles reclamam que o preço está alto, mas 2/3 dos preços dos derivados em seus países são impostos", afirmou. No Brasil, os impostos representam fatia semelhante do preço da gasolina.

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