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Opep quer cortar 1 milhão de barris diários para recuperar os preços

Nos últimos dois meses, a queda do preço é de 25%. O preço do barril passou de mais de US$ 78 para menos de US$ 60.

Por Agencia Estado
Atualização:

A Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) quer retirar do mercado um milhão de barris diários (mbd) de petróleo e diminuir assim sua oferta pela primeira vez desde 2004, a fim de deter a queda dos preços. O objetivo da medida, confirmada nesta quinta-feira pelo ministro do Petróleo da Arábia Saudita, Ali bin Ibrahim al-Naimi, é deter a queda das cotações do petróleo após a baixa de mais de 25% registrada nos dois últimos meses, quando valor do barril passou de mais de US$ 78 para menos de US$ 60. A reunião do Catar, realizada em caráter de urgência nesta quinta-feira, também deixará aberta a possibilidade de novas reduções da oferta e, especialmente, de um segundo possível corte na reunião de 14 de dezembro em Abuja, capital da Nigéria. Em outubro, segundo os dados da Opep, os dez membros que participam da divisão de cotas - todos menos o Iraque - extraíram juntos 27,67 mbd. A cota total de produção do cartel, vigente desde 1º de julho de 2005, é de 28 mbd. Assim, se a medida for aplicada como anunciada por Naimi, em novembro a extração da chamada "Opep-10" cairá para 26,67 mbd, uma baixa de 3,7% em relação ao bombeamento atual e de 4,75% na comparação com a cota de produção. É possível, no entanto, que a reunião de hoje acabe com números diferentes destes cálculos, pois até o final persistiam as divergências entre os membros do cartel sobre as especificidades do corte. O acordo ainda requeria consenso sobre os detalhes de sua aplicação, que seriam negociados na parte final da reunião. "Como Opep, vamos cortar um milhão da produção atual, com efeito a partir de 1º de novembro", confirmou Naimi ao chegar ao hotel onde está se hospedando na capital do Catar. Incertezas Nos mercados mundiais do petróleo, as declarações do ministro saudita puseram fim a três semanas de incerteza sobre a postura de Riad. Ao contrário dos outros membros do cartel, o maior exportador mundial de petróleo não havia se pronunciado sobre a diminuição da oferta. Diante da escalada de aproximadamente 145% registrada pelos preços do petróleo entre o final de 2003 e meados de 2006, a Opep abriu as torneiras ao máximo. Desde 2004 o cartel não adotava medidas para restringir as vendas. Agora, diante das previsões de um freio no crescimento da demanda mundial de petróleo e um forte aumento da oferta de seus principais concorrentes - países produtores que não fazem parte da Opep -, o cartel fundado em 1960 precisa convencer os mercados de que é capaz de recuperar a disciplina interna e, com ela, sua influência. O ministro da Energia da Argélia, Chakib Jelil, alertou para o risco de os preços despencarem em 2007 se o fornecimento não for reduzido agora. "A demanda no quarto trimestre tem caído. Vemos menos especulação no mercado, vemos uma demanda muito mais baixa no segundo trimestre do próximo ano. Ao mesmo tempo, em 2007 o crescimento da demanda será satisfeito pelo aumento da oferta dos produtores não-membros da Opep", assinalou Jelil. Apesar dessa previsão, devem ser árduas as negociações sobre a proporção do corte que caberá a cada país. Tanto o Catar quanto a Nigéria defenderam uma solução "temporária e excepcional", e o adiamento da discussão pendente sobre uma nova distribuição da porcentagem de extração do cartel mais em linha com a realidade que as atuais cotas. "Discutiremos isso internamente. Acho que fazer essa discussão de maneira pública não ajuda a Opep. O importante é que vamos cortar um milhão de barris diários", afirmou o ministro da Energia e Petróleo da Venezuela, Rafael Ramírez.

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