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Operação da BRF pode ser totalmente revertida, diz Cade

Garantia foi dada ao presidente do Conselho por Furlan e Secches; julgamento levará mais tempo que a média

Foto do author Célia Froufe
Por Célia Froufe (Broadcast) e da Agência Estado
Atualização:

Os presidentes da Sadia, Luiz Fernando Furlan, e da Perdigão, Nildemar Secches, garantiram nesta sexta-feira, 22, ao presidente do Conselho de Administrativo de Defesa Econômica (Cade), Arthur Badin, que a operação unindo as duas companhias na Brasil Foods poderá ser revertida caso a homologação da nova empresa do setor de alimentos não seja aprovada pelos órgãos competentes. A informação foi dada por Badin após participar de reunião informal com representantes das duas empresas, esta manhã, em Brasília.

 

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"Eles procuraram tranquilizar o Cade, dizer que haverá reversibilidade total da operação, caso não haja aprovação da mesma", disse Badin a jornalistas. Ele acrescentou que, no encontro desta sexta, os dois empresários também fizeram questão de enfatizar que respeitarão todas as decisões das instituições de defesa de concorrência brasileiras.

 

Badin já adiantou que, se os negócios de Sadia e Perdigão permanecerem separados durante o julgamento pelos órgãos competentes, não haverá necessidade de congelamento da operação de união. "Não acho que será necessário (o congelamento)", enfatizou.

 

Ele ressaltou que o julgamento da união das empresas pelo Cade levará mais tempo do que a média atual deste tipo de análise pelo órgão. O presidente do Cade preferiu, porém, não fazer estimativa a respeito do tempo necessário para o anúncio de uma decisão e lembrou que a média deste tipo de avaliação passou de 159 dias em 2002 para 47 atualmente.

 

"Obviamente, esta operação envolve muitos mercados e deve ficar acima da média", disse Badin. "Mas não poderia fazer, neste momento, qualquer previsão de tempo para o processo", acrescentou.

 

O presidente do Cade reiterou que, no encontro desta sexta com os representantes das duas empresas, os executivos apenas trataram da união de forma superficial. "Eles não apresentaram dados, documentos ou informação", disse. "E temos que seguir um processo que é técnico, objetivo, público e com documentos."

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'Período quieto'

 

Furlan e Secches saíram do encontro com o presidente do Cade evitando conversar com a imprensa. "Estamos no período quieto", limitou-se a dizer Furlan ao tentar traduzir a expressão "quiet period", em que executivos são proibidos de prestar qualquer informação que mexa com as ações de companhias abertas, por um tempo determinado, em função de algum julgamento pelos órgãos reguladores ou fiscalizadores.

 

Como Furlan já foi ministro do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior no governo Lula, ele acabou sendo o mais abordado pelos jornalistas que aguardavam na frente do Cade o final da reunião. "Me ajuda a não falar, Secches", apelou Furlan, brincando com o companheiro.

 

Ele disse apenas que as equipes das duas companhias estão preparando a documentação da união das empresas e que os papéis serão levados a todas as instituições dentro do prazo determinado por lei - 15 dias a contar da última terça-feira - quando foi noticiada a criação da BR Foods.

 

Furlan disse também que o encontro desta sexta no Cade foi "um primeiro contato" com o órgão e com os conselheiros que não conheciam. Questionado a respeito de uma possível presença do conselheiro Fernando Magalhães Furlan, que é seu primo, no julgamento deste caso específico pelo Cade, o presidente da Sadia voltou a insistir. "Não posso comentar."

 

Fernando Magalhães Furlan, de acordo com Badin, já se declarou impedido de participar da avaliação da união das empresas Sadia e Perdigão em BR Foods por causa do grau de parentesco com o presidente da Sadia.

 

Os dois executivos chegaram à sede do Cade juntos, no mesmo automóvel. Também saíram juntos. Esta tarde, Furlan terá um encontro com o ministro da Fazenda, Guido Mantega, na Caixa Econômica Federal, em São Paulo, segundo a agenda do ministro. O presidente da Sadia também não quis adiantar o teor do encontro.

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