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Operadoras de turismo se adaptam para superar crise

Por Agencia Estado
Atualização:

A falência da Stella Barros foi um caso isolado, na avaliação de especialistas do setor. Entre as operadoras de turismo, a derrocada de uma das mais conhecidas empresas do segmento teve como causa a falta de agilidade para adaptar-se a mudanças e a aposta errada do sócio majoritário, a companhia norte-americana TravelYA Networks Inc. "O setor não está em crise", avalia o presidente da Associação Brasileira das Operadoras de Turismo (Braztoa), Ilya Michael Hirsch. Para ele, tanto o caso da Vovó Stella como o da Soletur, em 2000, não significam que todas as empresas estejam passando por dificuldades. A alta do dólar e mais recentemente a iminência de uma guerra contra o Iraque prejudicam o turismo para algumas regiões específicas, reconhece Hirsch. Mas outros destinos, fora da área de risco, têm sido bem explorados, assim como os pacotes nacionais. "As operadoras não trabalham com estoques e nem tem maquinários. Elas conseguem mudar as estratégias com muita rapidez", diz, enfatizando a diferença de outros segmentos econômicos. O empresário argumenta que, a exemplo de todas as empresas brasileiras, as operadoras também foram obrigadas a fazer ajustes, cortar custos e reduzir pessoal, mas se mantêm viáveis. Desde que o dólar começou a subir, aquelas que se concentravam em viagens internacionais passaram a buscar outros destinos. No ano passado, os pacotes de maior saída foram os de cidades brasileiras. Neste verão, hotéis, restaurantes, locadoras e agências, sobretudo do Nordeste, comemoraram o aumento do movimento acima do esperado. "Todas as operadoras estão redirecionando seus esforços para outros destinos", afirma Hirsch, afirmando que entraram na mira países como Austrália, Nova Zelândia, Taiti. A Queensberry, especializada em viagens internacionais, investe no turismo nacional desde 2001. Antes, todos seus programas visavam ao exterior. Neste ano, só 80% do seu faturamento deve vir das viagens internacionais. "Isto foi resultado da boa aceitação pelas agências de viagem do nosso produto nacional em 2002", avalia o diretor-presidente da Queensberry, Martin Jensen. Com a elevação do dólar, a saída encontrada pela empresa foi trabalhar mais no Hemisfério Sul e organizar programas mais curtos, além de explorar as cidades brasileiras. Jensen diz que a empresa está saindo agora de um período difícil, iniciado em meados do ano passado. O movimento registrado de abril a julho garantiu à empresa recorde de faturamento em 2002, embora tenha despencado a partir de agosto, com a repentina subida do dólar. A CVC, fundada há mais de 30 anos no ABC Paulista, embarcou no ano passado 570 mil pessoas, 30% mais que em 2001. Na temporada de verão deste ano (entre 15 de dezembro e 31 de janeiro), 170 mil turistas viajaram pela CVC, informou o porta-voz da empresa, Guilherme Paulus. Ele admite que houve perda de passageiros nos últimos anos, tanto por causa do dólar como pela queda de renda da população, mas a empresa adotou soluções alternativas. Paulus argumenta que o caso da sua empresa é emblemático e ilustra a necessidade de constante modificação que caracteriza o setor. Originalmente, a CVC era operadora de turismo rodoviário e foi uma das maiores nesta área. Entrou depois no turismo aéreo, foi forte nos pacotes para Disney, junto com a Stella Barros, e explorou como quase nenhuma outra empresa o turismo no Caribe durante a paridade entre o dólar e o real. Hoje, atua com vários destinos nacionais e internacionais, por meio aéreo, marítimo e rodoviário. "Você tem de vender o que o povo quer", afirma, enfatizando as ondas modistas que também regem o setor. Não se adaptar, avalia, foi o erro da Stella Barros, que sofreu com a redução do movimento depois do atentado de 11 de setembro e a desvalorização do real. Antes disso ainda, depois que as viagens a Disney perderam parte do glamour, faltou fôlego à empresa para investir pesado em outras áreas. O golpe de misericórdia veio com a quebra da controladora, a Travel, companhia criada em 1999 e que investia na venda de pacotes pela internet, negócio que não decolou em nenhuma parte do mundo.

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