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Operadoras incentivam pós-pago

As operadoras de telefonia móvel estão reavaliando o mercado de celulares. Os aparelhos pré-pagos dominam o mercado, mas as empresas tem uma receita por usuário de até quatro vezes menos do que a obtida com os clientes do pós-pago.

Por Agencia Estado
Atualização:

O fenômeno do celular pré-pago, que surgiu há três anos no mundo e já domina 80% do mercado de celulares em países europeus, está sendo reavaliado pelas operadoras. A receita por usuário é até quatro vezes menor do que a obtida com os clientes do plano pós-pago. Isso porque os clientes do pré-pago no País estão concentrados principalmente nas classes C e D, que utilizam o telefone como pagers: recebem mais chamadas do que fazem. Em julho, segundo a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), havia 19,1 milhões de aparelhos no País, dos quais 52% eram pré-pagos. A média de mercado é de que a cada dez novos clientes de uma operadora, oito ou nove aderem ao sistema pré-pago, que não cobra assinatura mensal e funciona pelo sistema de créditos comprados antes de fazer a ligação. Para fugir dessa equação, as operadoras concentram esforços na venda do pós-pago, reduzindo, por exemplo, o valor das tarifas no modelo tradicional. A ATL, do Rio, criou o plano Perfil, que isenta o usuário da assinatura mensal, que hoje custa R$ 33,00. Paga apenas a mensalidade de R$ 46,00, que permite falar cerca de 60 minutos. A Telemig Celular oferece comissões aos vendedores da rede que negociem planos de pagamento tradicionais. A operadora criou também estratégias de segmentação, com pacotes de minutos cobrados a um valor fixo, a exemplo da ATL. Pré-pago recebe seis vezes mais ligações Segundo o presidente da Telemig Celular, Márcio Kaiser, o número de chamadas recebidas pelos clientes do pré-pago é em média seis vezes maior do que o número de ligações feitas. De acordo com o analista de telecomunicações do Deutsche Bank, Régio Martins, a receita média por usuário de pré-pago já foi de R$ 100,00 há dois anos, quando foi lançado no Brasil, mas caiu para R$ 35,00 ou R$ 40,00 neste ano, depois que as classes de baixa renda aderiram em massa ao sistema de telefonia móvel. E o futuro das operadoras, segundo Martins, ainda depende desse público. Em São Paulo, a BCP resolveu extinguir o subsídio que aplicava sobre o preço dos aparelhos. A operadora vendia pela sua rede de lojas aparelhos celulares até 50% mais baratos do que o mercado, bancando essa diferença. "Agora vamos subsidiar os aparelhos pós-pagos", revela o vice-presidente de Marketing, Fábio Coelho. Cliente de pré-pego não será abandonado As operadoras, porém, fazem questão de explicar que o cliente pré-pago não será abandonado. "Eles geram receita menor, mas continua sendo boa", acredita o presidente da ATL, Carlos Henrique Moreira, que tem 1,3 milhão de usuários em sua rede. "Eles garantem uma receita de R$ 0,17 por minuto por chamada recebida", afirmou. O crescimento do pré-pago foi estimulado pelas próprias operadoras, que até subsidiaram aparelhos para a entrada de novos clientes em busca de expansão da base de usuários. Mas enquanto que no exterior o pré-pago é usado por adolescentes e por usuários que querem manter o controle da conta, no Brasil grande parte dos clientes tem o pré-pago com a única finalidade de receber ligações.

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