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Oposição boliviana ameaça contrato de gás com Argentina

Senador da oposição argumenta que, por lei, contratos internacionais devem receber aval do Parlamento, caso contrário, serão considerados ilegais

Por Agencia Estado
Atualização:

O contrato de compra e venda de gás assinado entre a Bolívia e a Argentina corre o risco de ser impugnado pelo Tribunal Constitucional boliviano, se o governo de Evo Morales não enviá-lo ao Legislativo para sua respectiva análise. A ameaça foi feita pela principal bancada opositora ao governo de Evo Morales no Senado, Podemos, nesta quarta-feira. "Chegaremos ao Tribunal para demonstrar que este contrato é de exploração de riqueza natural e que obviamente deve chegar ao Parlamento", afirmou o senador Fernando Rodríguez. Segundo ele, Podemos vai pedir ao Executivo o envio do contrato, para que este seja homologado constitucionalmente, assim como os 44 contratos assinados com as empresas petrolíferas. De acordo com o jornal boliviano La Razón, o senador argumenta que "por mandato constitucional, os contratos internacionais devem ser referendados pelo Parlamento e se o Poder Executivo resistir ao envio dos acordos, então os contratos serão demandados como ilegais". Os presidentes Néstor Kirchner e Evo Morales assinaram o contrato no dia 19 de outubro passado, aumentando a exportação de gás boliviano dos atuais 7,7 milhões de metros cúbicos diários para 27,7 milhões a partir de 2010, por um valor de US$ 5 por milhão de BTU (Unidade Térmica Britânica). O contrato prevê ainda a construção de uma planta separadora de gás na Bolívia com recursos argentinos, estimados em US$ 300 milhões. O novo contrato, segundo cálculos da YPFB (Yacimientos Petrolíferos Fiscales Bolivianos), permitirá um ganho de US$50 bilhões pelos 20 anos de duração do mesmo. Não é só a ameaça da oposição que abre uma interrogação sobre o acordo firmado entre os dois presidentes, mas também as notícias sobre uma nova Lei de Hidrocarbonetos. O que poderia também afetar o Brasil, principal comprador do gás boliviano. Conforme o La Razón, o governo de Morales propõe uma nova lei para fazer de YPFB uma empresa corporativa independente e eficiente, afastada de manuseio político. O ministro de Hidrocarbonetos e Energia, Carlos Villegas Quiroga, disse ao jornal que "para relançar a YPFB como uma empresa puramente operativa, será necessária uma nova lei, já que a atual é ambígua e imprecisa, não dota a petrolífera de recursos, a desarticula e a reduz à uma entidade fiscalizadora e administradora de contratos". "Nós não estamos de acordo com essa empresa, porque seria entrar num terreno onde não garantimos o êxito da política petrolífera e da nacionalização, porque seria uma empresa esparramada por todas as partes do país", justificou o ministro. Nesse sentido, Villegas revelou que há dois meses o governo vem trabalhando sobre a nova Lei de Hidrocarbonetos, com a assessoria de países como Noruega, Canadá e Holanda para uma reestruturação do setor. O ministro adiantou ainda que entre os dias 5, 6 e 7 de fevereiro, o governo se reunirá em La Paz com os representantes desses três países para apresentar e discutir os resultados da proposta do que poderá ser a nova Lei. "Esta norma será o apoio legal de tudo o que foi feito e dos avanços na nacionalização", afirma completando que "as atuais regras do jogo com as empresas petrolíferas serão respeitadas". Ele explicou que, a partir disso, o ministério do setor também sofrerá uma reestruturação e será criada a Agência Nacional de Hidrocarbonetos, a qual substituirá a Superintendência de Hidrocarbonetos. A agência será a entidade reguladora e fiscalizadora do setor.

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