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Oposição protocola pedido de CPI

Por Christiane Samarco e Eugênia Lopes
Atualização:

Cinco horas depois de o presidente Luiz Inácio Lula da Silva ter apelado aos líderes aliados para que evitassem a criação da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar irregularidades na Petrobrás e na Agência Nacional de Petróleo (ANP), a oposição protocolou o pedido de abertura da CPI na Mesa Diretora do Senado, com 32 assinaturas - cinco a mais que o apoio mínimo de 27 senadores, exigido pelo Regimento Interno. No fim da tarde, o líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), dava a instalação da CPI como certa. "Ninguém tem angústia com isso, não. Vamos tocar a CPI, que é um fato corriqueiro no Senado, porque a oposição sempre terá as 27 assinaturas", conformou-se Jucá, lembrando que a relação entre governistas e adversários do Planalto sempre se agrava à medida que se aproxima o período eleitoral. Infernizados com a crise das denúncias em série de desmandos administrativos no Senado, alguns parlamentares avaliavam em conversas reservadas que desviar o foco para uma CPI pode ser uma solução. O entendimento geral é de que, nesta crise que enfraquece o Congresso, só quem ganha é o Executivo, o presidente Lula e o poder econômico que conseguem aprovar isenções de impostos sem nenhum questionamento. Apelos à parte, até o presidente Lula se mostrou descrente sobre a possibilidade de livrar o governo do desgaste de uma CPI. Embora tenha destacado, na reunião do Conselho Político, que uma CPI em um momento de crise financeira mundial seria "inconveniente", Lula criticou a falta "de norte, de rumo e de discurso" da oposição, e concluiu: "É claro que vão querer repetir a tática de sempre, de fazer uma investigação política, ocupar o noticiário e desgastar o governo". Mas não foi só a oposição que apoiou a CPI. A lista de assinaturas inclui dois senadores do PTB - Romeu Tuma (SP) e Mozarildo Cavalcanti (RR)-, o senador Cristóvam Buarque (PDT-DF) e quatro senadores do PMDB: Mão Santa (PI), Pedro Simon (RS), Jarbas Vasconcelos (PE) e Geraldo Mesquita (AC). "Essa CPI é uma coisa lamentável em um momento de crise. A oposição tenta paralisar a maior empresa do País", disse o senador Delcídio Amaral (PT-MS).

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