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Oposição se mobiliza contra dólar livre no Uruguai

Por Agencia Estado
Atualização:

Um dia depois de o governo uruguaio modificar sua política cambial e deixar o dólar flutuar livremente, a moeda norte-americana operou nesta sexta-feira em baixa. No fechamento das operações, o dólar ficou cotado a 17 pesos para compra e 21 pesos para venda - nesta quinta-feira, o dólar havia registrado alta de 19,31% em relação à véspera, com uma depreciação de 16,8% do peso. Mas a aparente calma no mercado cambial contrasta com a fúria da oposição sindical e política, que anunciou mobilizações contra o governo. Em reação à decisão, a coalizão de esquerda Encontro Progressista-Frente Ampla (EPFA) decidiu fazer uma moção de censura parlamentar ao ministro de Economia uruguaio, Alberto Bensión, informou o senador Reinaldo Gargano. Às críticas da EPFA, somaram-se às da central sindical única PIT-CNT e do senador Jorge Larrañaga, do Partido Nacional, sócio da coalizão de governo do Partido Colorado (ambos de centro-direita) que também pediram a renúncia de Bensión. A PIT-CNT anunciou que promoverá "um plano de mobilização a nível nacional" contra a livre flutuação cambial, que, em sua opinião, trará maior inflação, desemprego e perda do poder aquisitivo dos trabalhadores. O senador Larrañaga acrescentou que o novo sistema vai fazer "com que tudo suba, menos os salários". O Uruguai vive o quarto ano de recessão (a queda do Produto Interno Bruto em 2001 foi de 3,1%) e de fortes déficits na contas do Estado (US$ 826 milhões no ano passado, ou 4,1% do PIB). Nesse contexto, a inflação cresceu 5,33% de janeiro a maio e 6 49% nos últimos 12 meses, enquanto a queda da competitividade da produção nacional no mercado regional se expressou na redução de 40% das exportações ao Mercosul no primeiro trimestre do ano, comparado a igual período de 2001. A queda mais dramática foi registrada nas exportações para a Argentina (-73,6%), seguidas do Brasil (-24%) e do Paraguai (-9 3%), num trimestre em que o PIB teve uma contração de 10,1% e os ativos das reservas encolheram 40%. Segundo explicou o ministro Bensión, a decisão do governo uruguaio, de passar de um sistema de bandas para o de livre flutuação foi por causa da "situação de incerteza" regional, em particular da Argentina e do Brasil.

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