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Os bancos poderiam reduzir já as taxas de juro

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Por Redação
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O estoque de crédito aumentou 0,4% em fevereiro (17,3% em 12 meses). Na margem, o crescimento foi compatível com a taxa de inflação, o que parece indicar que as autoridades monetárias não estão fazendo uso irracional do crédito para dinamizar o consumo. O crédito para pessoas físicas (PFs) cresceu 0,7%, enquanto o das pessoas jurídicas (PJs) ficou estável em relação ao mês anterior.Mas, nos bancos públicos, o crédito aumentou de 21% para 21,4% do Produto Interno Bruto (PIB), enquanto nos bancos privados brasileiros recuou de 19,1% para 19%. Nos bancos estrangeiros, manteve-se em 8% do PIB.A participação dos bancos públicos parece corresponder à vontade das autoridades de reduzir o custo do crédito, mas temos de levar em conta o papel do BNDES e da Caixa Econômica Federal no financiamento dos investimentos privados (BNDES) e do setor habitacional (Caixa), neste último caso com crescimento de 2,3% em fevereiro.Como se podia prever, a redução da taxa Selic tem um efeito moderador sobre as taxas de juros praticadas pelos bancos no segmento livre, onde as taxas anuais se reduziram de 28,7% para 28,6%, para as PJs; e de 28,7% para 26,6%, para as PFs.Todavia, o spread aumentou de 18,5 pontos porcentuais (p.p.) para 18,8 p.p., para as PJs; e de 34,9 p.p. para 35,8 p.p., no caso das PFs.Na prática, as instituições financeiras diminuíram a rentabilidade das aplicações, mas aumentaram os spreads. Justificam dizendo que a inadimplência continua muito alta (mas não aumentou), na casa de 4,1%, para as PJs, e de 8,6%, para as PFs.Na realidade, as taxas de juros, em comparação com a taxa Selic, continuam anormalmente elevadas, o que em parte explica que as empresas recuem diante do custo do dinheiro antes de contratar crédito. Para capital de giro, os juros são ainda de 17,9% - um custo que a margem de lucro das empresas não permite cobrir.No caso das PFs, o cheque especial tem taxa de 182,8%, mas a taxa do crédito consignado, de 27,5%, permite recorrer a essa operação com custo médio mais acessível.O Brasil tem um sistema bancário eficiente, mas que continua muito caro, especialmente levando em conta os serviços (propostos ou impostos). Isso se reflete na lucratividade das instituições financeiras. É de perguntar se a solidez incontestável de nosso sistema financeiro justifica esse seu custo e se não seria necessário reconhecer que os investimentos já realizados estão agora amortizados, devendo permitir queda no custo das operações do sistema.

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