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''''Os Correios precisam mudar''''

Carlos Henrique Custódio, Presidente dos Correios. Estatal quer migrar da entrega de cartas para a correspondência eletrônica e transporte de encomendas

Por Gerusa Marques e BRASÍLIA
Atualização:

Preocupado com o esgotamento do monopólio no setor de cartas e com a ameaça das multinacionais, o presidente dos Correios, Carlos Henrique Custódio, quer mudar o perfil da empresa, inclusive com maior atuação internacional. Segundo Custódio, os Correios passariam a atuar mais fortemente no transporte de encomendas, no mercado eletrônico de correspondências e ampliariam a sua atividade como banco postal. Em cinco anos, diz Custódio, o valor dos Correios poderia aumentar em dez vezes. Funcionário de carreira da Caixa Econômica Federal, Custódio assumiu a presidência dos Correios em 2006. Ele deu a seguinte entrevista ao Estado: Quais são os planos dos Correios? Pretendemos fazer dos Correios uma empresa moderna. Vivemos um divisor de águas. Ou saímos na frente com as facilidades que a tecnologia proporciona, ou vamos ficar para trás, porque a concorrência está muito grande. O monopólio no setor de cartas, por exemplo, está fadado a acabar porque enfrenta a concorrência da tecnologia. A entrega de extratos bancários e de contas começa a diminuir com a ampliação do acesso à internet. O foco de crescimento é no setor de encomendas? Não necessariamente, mas em inovação. Temos de dar essa solução para o mercado. Será a grande migração dos Correios, nesse ambiente de certificação e assinatura eletrônica. As empresas entregariam na caixa postal eletrônica virtual e as correspondências eletrônicas teriam a chancela e a segurança dos Correios. Quanto o setor de correspondências representa no faturamento? Arrecadamos R$ 5 bilhões com correspondências e outros R$ 5 bi com encomendas. A empresa aérea própria vai sair de uma parceria com a VarigLog? O João Luís (Bernes de Sousa, da VarigLog), veio conversar. A Controladoria Geral da União, o Tribunal de Contas e a própria CPI (dos Correios) recomendaram que o governo montasse uma empresa aérea própria, mas não é fácil. Temos dinheiro mas não temos expertise. A parceria seria interessante? A gente negocia com a empresa que apresentar um bom plano de negócios. A conversa com a VarigLog está mais encaminhada? Fui procurado pelo presidente da VarigLog no dia 31 de janeiro. Ele vai fazer uma precificação e queria saber do interesse da empresa. Dissemos que nosso interesse continua. Estamos conversando com outras empresas e bancos. Precisamos ter o controle do planejamento de transportes de encomendas. O ?e-comerce? cresce 70% ao ano no País. Se o negócio for fechado, seria comprada toda a VarigLog? Não. Não sei se vai ser 50%, 60%. Minha idéia é que tenhamos o controle acionário, mas não a gestão. Também não podemos injetar dinheiro e ficar sem direito a voto e a veto. Quanto precisaria ser investido? Cerca de R$ 400 milhões, mas depende do projeto. O detalhe é que seremos nosso principal cliente. Temos gasto anual de R$ 500 milhões. Essa empresa nasce com esse faturamento. Os Correios não precisariam nem usar os R$ 3 bi que têm em caixa, podem recorrer ao BNDES. O contrato com o Bradesco no Banco Postal será revisto? Estamos tentando fazer um novo modelo. Queremos sair de correspondente bancário para ser banco postal, em parceria com outro banco. O parceiro mais forte e natural é o próprio Bradesco, mas haverá uma nova licitação. Esse novo modelo seria para meados de 2009, quando vence o contrato com o Bradesco? Sim. Embora o atual contrato tenha cláusulas de revisão, muito provavelmente não vai ter mudança até lá. Os Correios estão prejudicados na parceria com o Bradesco? Prejudicados acho que não, mas há espaço para ganhar muito mais. Houve uma mudança de mercado e esse contrato ficou limitado. Os Correios vão abrir seu capital? Antes, é preciso preparar a empresa, gerar valor. Se hoje os Correios valem "x" bilhões, depois dos projetos implantados a gente acredita que vai potencializar em mais de 10 vezes É um projeto de longo prazo? Eu acredito que em menos de 5 anos não deve acontecer. Hoje é muito prematuro, mas é uma tendência. Inclusive internacionalizar os Correios e se tornar uma multinacional.

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