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Os efeitos do futuro salário mínimo já são sentidos

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Por Redação
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O anúncio prematuro de que o salário mínimo seria calculado, a partir de janeiro de 2012, tendo por base o crescimento do PIB em 2010 (7,5%), acrescido da elevação do INPC, afetou profundamente a política salarial, em 2011, e colocou em situação desconfortável os Estados que têm piso salarial regional superior ao mínimo nacional.Partindo da certeza de que o reajuste em 2012 será pelo menos igual a 14% (7,5% + 4,5%), os sindicatos de operários com dissídio no primeiro semestre procuraram obter já em 2011 um reajuste robusto, antecipando a elevação do mínimo em janeiro próximo. No primeiro semestre a expectativa do crescimento do PIB era de 4,5% a 5%, havia uma situação de pleno emprego e falta de mão de obra especializada, o que deixou as empresas mais dispostas a conceder um reajuste generoso. Embora os dissídios das categorias mais importantes tenham se concentrado no segundo semestre, calcula-se que no primeiro semestre o crescimento real da renda dos trabalhadores foi de cerca de 4%.Mas o quadro econômico mudou muito no segundo semestre, marcado por uma inflação que reduz o salário real e por uma nítida desaceleração da economia, como comprovou o PIB do terceiro trimestre.Houve exceções, como os bancários e os metalúrgicos (dois setores em pleno crescimento), mas calcula-se que o aumento real dos trabalhadores caiu para 1,30%, com a inflação maior.Agora, os cinco Estados que têm um piso salarial maior de que o salário mínimo (Paraná, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e São Paulo) enfrentam um problema muito delicado, pois em janeiro o salário mínimo será de pelo menos R$ 622. Em dois Estados (São Paulo e Rio Grande do Sul), o piso salarial está abaixo do futuro mínimo e terá de ser aumentado pelo menos até o valor do mínimo nacional. Os trabalhadores desses Estados dificilmente aceitarão um piso igual ao mínimo e, por sua vez, os governos estaduais terão dificuldades para aumentar o salário regional na proporção do mínimo nacional (14%).No início do próximo ano os governos estaduais terão uma ampla discussão com os trabalhadores para a fixação de um piso que, naturalmente, os sindicalistas gostariam de ver reajustado na mesmo proporção do aumento do salário mínimo. Tal reajuste criaria um suplemento de poder aquisitivo incompatível com o controle da inflação e, ao mesmo tempo, reduziria ainda mais a capacidade de concorrência de nossa indústria.

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