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Os informais dão o tom do Natal na Rua 25 de Março

Movimento na maior rua de comércio popular de São Paulo é puxado pelos ambulantes; lojas estão mais vazias

Foto do author Márcia De Chiara
Por Márcia De Chiara
Atualização:

Na antevéspera do Natal, o que se viu no maior shopping a céu aberto do País, a região da Rua 25 de Março, na capital paulista, foi o retrato da economia brasileira: o avanço da informalidade. Muitos camelôs espalhados pelas ruas tentando ganhar algum trocado com as compras de última hora, enquanto o movimento no comércio formal estava ainda distante de natais pré-pandemia.

“A muvuca na 25 de Março hoje é porque há muito ambulante, mas cliente nas lojas está bem abaixo do normal”, afirmou Claudia Urias, assessora executiva da União dos Lojistas da Rua 25 de Março e Adjacências (Univinco).

Rua 25 de Março, em São Paulo: brasileiro está com poder de compra menor Foto: Werther Santana/Estadão

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Apesar de não ter dados consolidados do desempenho das lojas da região, ela acredita que houve uma recuperação no volume de vendas este ano comparado ao tombo de 30% no Natal de 2020 por causa das restrições ao funcionamento que havia em razão da pandemia. No entanto, o resultado geral está baixo do esperado.

O termômetro do desempenho é a quantidade de pessoas que circulam na 25 de Março. Antes da pandemia a região chegava a receber 1,2 milhão de consumidores por dia no período natalino e, neste ano, não passaram de 200 mil, em média, segundo a Univinco. “Houve um sábado que encheu um pouco mais e recebemos 350 mil pessoas”, diz Claudia.

Estoques

Segundo a representante da Univinco, outra indicação de que o desempenho deste Natal, apesar de um pouco melhor do que o do ano passado, não está grande coisa é que muitos lojistas não fizeram estoques novos de produtos para a data e aproveitaram as mercadorias que tinham.

Pierre Sarruf, diretor da Rei do Armarinho, por exemplo, disse que vendeu os estoques remanescentes do ano passado. As quatro lojas da empresa na região são especializadas em enfeites e fantasias, itens sazonais que, segundo ele, escapam da tendência de vendas normal do comércio.

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“Nossas lojas venderam bem por causa do tipo de produto, artigos de decoração natalina, enfeites”, disse. Com a vacinação e a volta das comemorações de Natal, ele disse que conseguiu vender neste final de ano os volumes de 2019, depois da queda de 80% registrada em 2020. “Em 46 anos de Ladeira ( Ladeira Porto Geral), 2020 foi o pior ano, não vendemos nada.”

Outro segmento que vai na contramão do desempenho geral da região é o de brinquedos. Na matriz da Armarinhos Fernando, que fica na 25 de Março, as vendas do Natal estão surpreendendo, segundo o gerente Ondamar Ferreira. A expectativa é fechar o mês com crescimento de 15% no faturamento em relação a dezembro de 2020. Isto é, alta real de 5%, descontada a inflação. No ano passado, ele disse que repetiu as vendas de 2019. A sua justificativa para esse resultado é que a loja comercializa produtos muito procurados nesta época do ano: brinquedos e enfeites.

Uma mudança notada por Ferreira neste Natal foi na forma de pagamento. Em 2020, o dinheiro respondeu por 55% das vendas e, neste ano, por apenas 30%. “O auxílio emergencial injetou no ano passado dinheiro vivo que foi para o comércio popular.” 

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