
27 Dezembro 2014 | 02h03
A Serasa Experian calculou que, na semana do Natal (18/12 a 24/12), houve queda de 1,7% nas vendas, comparativamente a igual período de 2013. Foi o pior resultado desde 2003, quando o levantamento começou a ser feito. No fim de semana que antecedeu o Natal (19/12 a 21/12), a diminuição de vendas foi de 2,1%. Nos mesmos dias, em São Paulo, o recuo foi de 3% e mais pessoas preferiram comprar na última hora.
A Associação Brasileira de Lojistas de Shopping (Alshop) referiu-se ao pior Natal dos últimos oito anos, com a ressalva de que, pelas contas da entidade, ainda houve crescimento real de 3% nas vendas, mas bem abaixo da expectativa de uma alta de 4,5%.
A Boa Vista SCPC também observou uma alta de vendas, de 1,2%, comparativamente a 2013, mas também a mais baixa desde o início da série histórica, em 2008.
Embora os números não sejam uniformes, são indicativos da tendência de moderação do consumo. O resultado menos ruim dos shoppings pode indicar que, nas faixas de rendimento mais elevado, o volume de vendas foi menos afetado - e situação semelhante parece ter ocorrido também no comércio de itens de baixo valor unitário. E uma parte das operações realizadas nas lojas deslocou-se dos estabelecimentos para o comércio eletrônico.
A melhor demonstração da fragilidade das vendas natalinas está na antecipação de liquidações. No Brasil, estas costumam ocorrer em janeiro, ao contrário de mercados consumidores mais fortes, como nos Estados Unidos e na Europa, em que muitas promoções de vendas antecedem o Natal.
Juros em alta, salários contidos, pressões sobre preços e a perspectiva de um 2015 mais apertado parecem ser determinantes da moderação de consumo dos consumidores.
A expectativa criada pelas novas autoridades é de um aperto na situação fiscal. Isso significa preços administrados mais elevados - a começar de derivados de petróleo e energia elétrica - e, provavelmente, alguma alta de tributos. É, portanto, um momento desfavorável para assumir dívida para consumir, reforçado pela disposição dos bancos de aumentar a seletividade do crédito.
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